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Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

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unhappy life (…) My affection for you goes beyond any words I<br />

can find or use (…) (PHILLIPS, 1993, p. 108, grifos nossos)].<br />

Ao mostrar o comportamento <strong>de</strong> Hamilton, Caryl Phillips revela que o<br />

imperialismo t<strong>em</strong> dois lados. Crucificá-lo é uma atitu<strong>de</strong> esperada e aceita, mas também<br />

é possível ver as novas conexões entre pessoas, e portanto suas culturas, terras, línguas,<br />

que não seriam possíveis não fosse a expansão ultramarina. A mistura e a comparação é<br />

s<strong>em</strong>pre enriquecedora e, <strong>de</strong> forma estranha, o processo <strong>de</strong> colonização proporcionou<br />

isso. Assim como a vida <strong>de</strong> Hamilton mostra faces opostas, o imperialismo, numa<br />

metáfora <strong>de</strong> sua existência, também o t<strong>em</strong>.<br />

A procura do Capitão pelo pai e sua história também são evidências <strong>de</strong>ste fato,<br />

além das elipses (falhas) constatadas <strong>em</strong> seu diário e já mencionadas no subtítulo<br />

anterior. Por outro lado, o que ocorre é que alguns laços só foram possíveis <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong><br />

da expansão européia. “Embora Crossing the River seja um texto abundante <strong>em</strong> laços<br />

familiares <strong>de</strong>sfeitos, nós subseqüent<strong>em</strong>ente v<strong>em</strong>os o surgimento <strong>de</strong> conexões novas,<br />

não-familiares” [Although Crossing the River is a text rife with broken familial bonds,<br />

we subsequently see an <strong>em</strong>ergence of new, non-familial connections (WARD, 2007, p.<br />

22)].<br />

Estes laços, <strong>em</strong> sua maioria não-familiares, permeiam todo o romance na<br />

história <strong>de</strong> todas as personagens: Nash (capítulo um) constrói uma nova família na<br />

Libéria, Martha (capítulo dois) procura sua filha e está s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> busca da construção<br />

<strong>de</strong> sua família, Travis (capítulo quatro) t<strong>em</strong> um filho com uma mulher branca na<br />

Inglaterra e, neste caso, Hamilton, mesmo sendo branco, aparece também como vítima<br />

do processo <strong>de</strong> escravização, já que está apartado <strong>de</strong> sua amada e s<strong>em</strong> ligações com seu<br />

pai que também trabalhava como comprador <strong>de</strong> escravos.<br />

Desta forma, vê-se que apesar da <strong>de</strong>struição que se abateu sobre inúmeras<br />

famílias subjugadas pelo imperialismo, muitos outros laços foram construídos. Nas<br />

palavras <strong>de</strong> Ward (2007, p. 22): “A ruptura da unida<strong>de</strong> familiar estável, po<strong>de</strong>r-se-ia<br />

arguir, é um dos legados da escravidão <strong>em</strong>bora, como eu explico, neste romance ela seja<br />

substituída por famílias agregadas” [The disruption of the stable family unit, one could<br />

argue, is one of the legacies of slavery although, as I explain, in this novel it is replaced<br />

with affiliative families].<br />

Ao contrário do que ocorre com os diários <strong>de</strong> bordo, as cartas que Hamilton<br />

escreve à esposa o humanizam. Elas são repletas <strong>de</strong> expressões <strong>de</strong> amor, têm <strong>em</strong>oções<br />

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