Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
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por si, procurá-las. Ninguém achou que isso fosse relevante para ele. Ele não se importa<br />
se terá <strong>de</strong> atravessar uma barreira <strong>de</strong> preconceito, apenas segue <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> seu<br />
objetivo. Ele é um hom<strong>em</strong> negro, britânico, que, como sujeito, procura sua história.<br />
Joyce, por sua vez, não o procurou. Ela estava cercada pela i<strong>de</strong>ologia imperial<br />
e seu status na socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma família branca não podia ser abalado pela<br />
presença <strong>de</strong> um filho negro. Po<strong>de</strong> ser que ela ainda não concordasse, mas respeitou o<br />
discurso dominante, <strong>em</strong> nome da preservação da sua imag<strong>em</strong>, a <strong>de</strong> seus filhos e <strong>de</strong> seu<br />
marido.<br />
3.5.4 Conclusão<br />
Embora Joyce seja qu<strong>em</strong> escreva o diário (uma mulher branca falando sobre<br />
um negro, para que a idéia da observação e do olhar maniqueísta do Outro seja<br />
questionada, já que apesar <strong>de</strong> não se ouvir a voz do excluído, sua subjetivida<strong>de</strong> não é<br />
apagada (BONNICI, 2007, p. 210)), o protagonista é Travis, já que ele é a personag<strong>em</strong><br />
que fecha o tríptico (comum das obras <strong>de</strong> Phillips) Nash – Martha – Travis. Ele aparece<br />
apenas quase no fim do capítulo, e, portanto, a <strong>de</strong>scrição da socieda<strong>de</strong> britânica por<br />
meio do comportamento das personagens serve como cenário para a entrada <strong>de</strong> Travis.<br />
Desta forma, o capítulo trata, <strong>de</strong> fato, da exclusão do negro e da imposição da<br />
heg<strong>em</strong>onia branca e <strong>de</strong> como o Negro se volta contra ela.<br />
Contrapondo a objetificação, está a resistência <strong>de</strong> Travis (e também <strong>de</strong> Joyce)<br />
ao assumir uma relação <strong>de</strong> afeto inter-racial numa socieda<strong>de</strong> exclu<strong>de</strong>nte e ao ter um<br />
filho híbrido, provindo do amor entre um negro e uma mulher branca. Greer é, <strong>de</strong>sta<br />
forma, a prova viva da resistência contra o eurocentrismo e a exclusão <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>sta<br />
i<strong>de</strong>ologia.<br />
Deste modo, Joyce provoca a i<strong>de</strong>ologia racista ao assumir a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
manter uma mentalida<strong>de</strong> aberta ao outro. Travis, por sua vez, <strong>de</strong>safia os soldados<br />
estaduni<strong>de</strong>nses brancos e os britânicos racistas. Greer, o híbrido – o britânico negro num<br />
contexto branco – virá a questionar o ambiente racista. Embora seja britânico, ele é<br />
negro, a exata mistura entre Joyce (britânica) e Travis (negro), que, como dito<br />
anteriormente, personifica a resistência.<br />
Outro ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque do capítulo é discussão acerca do sujeito fragmentado,<br />
que foi levantada pela postura antagônica da personag<strong>em</strong> Joyce <strong>em</strong> relação ao marido e<br />
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