Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
pela liberda<strong>de</strong> era algo dividido por todos: “Uma vez lá, todos eles sonham <strong>em</strong> saborear<br />
a verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong>” [Once there, they all dream of tasting true freedom” (PHILLIPS,<br />
1994, p. 93)]. A ‘verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong>’ não era somente a da abolição, a qual já tinham,<br />
mas a do racismo e do preconceito da socieda<strong>de</strong>.<br />
Depois <strong>de</strong> banida a escravatura, os negros recebiam lotes para produzir,<br />
ficavam a sua própria sorte ou, não acreditando nesta “verda<strong>de</strong>ira liberda<strong>de</strong>” formavam<br />
comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> negros – sujeitos. O número <strong>de</strong> escravos que se direcionava ao oeste<br />
para trabalhar e viver <strong>em</strong> grupos <strong>de</strong> indivíduos iguais é prova contun<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> que a<br />
abolição só ocorreu na teoria.<br />
Em outras palavras, a história <strong>de</strong> Martha é apenas uma representação <strong>de</strong>ste<br />
grupo que estava resistindo à opressão, já que tinham os mesmos sentimentos. Com<br />
todos os obstáculos, Martha nunca abandonou seu sonho. Mesmo s<strong>em</strong> perceber, ela<br />
conduziu sua vida <strong>de</strong> forma a tornar-se sujeito.<br />
3.3.4 Conclusão<br />
Fica evi<strong>de</strong>nte a resistência <strong>de</strong> Martha contra a escravidão, o patriarcalismo e o<br />
colonialismo. Martha é <strong>de</strong>scrita como uma personag<strong>em</strong> <strong>de</strong>terminada que estava na<br />
busca <strong>de</strong> tornar-se sujeito para fazer <strong>de</strong> sua mera existência uma vida <strong>em</strong> si.<br />
Conseqüent<strong>em</strong>ente, ela usou diferentes ferramentas, mesmo estando, na maioria das<br />
vezes, inconsciente disso.<br />
Martha estava tentando exaustivamente construir sua vida e ter sua própria<br />
família, mas o hom<strong>em</strong> branco apresentava tantas dificulda<strong>de</strong>s e obstáculos, que isto se<br />
tornou quase impossível para ela. Seu sofrimento para se erguer como sujeito nos<br />
conduz à idéia <strong>de</strong> que ela não nasceu como pessoa, mas foi imposto que ela <strong>de</strong>veria se<br />
tornar uma e isso passou a ser sua ambição. A resistência <strong>de</strong> Martha foi, contudo, não-<br />
violenta, pois consistiu <strong>em</strong> trabalhar para seu próprio sustento, fugir, refutar a religião e<br />
construir comunida<strong>de</strong>s por on<strong>de</strong> passava.<br />
Seu enfrentamento a acompanhou mesmo <strong>de</strong>pois da Abolição da escravatura, o<br />
que mostra que o negro ainda estava submetido ao racismo branco. Assim, <strong>em</strong>bora<br />
estivesse s<strong>em</strong>pre resistindo, mesmo que <strong>de</strong> forma não-violenta, mas n<strong>em</strong> por isso menos<br />
eficaz, Martha terminou como vítima do colonialismo. Não se po<strong>de</strong> negar que ela não<br />
era mais uma escrava, mas as conseqüências das ações do hom<strong>em</strong> branco estavam com<br />
ela para s<strong>em</strong>pre, profundamente inscritas <strong>em</strong> sua m<strong>em</strong>ória. Estando ela no leito <strong>de</strong><br />
95