Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
participou do exército na Segunda Guerra e <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>rrota dos Aliados, retornou à<br />
Martinica e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>completa</strong>r seus estudos, foi para Lyon, na França, on<strong>de</strong> estudou<br />
medicina e psiquiatria, além <strong>de</strong> literatura e filosofia. Depois <strong>de</strong> sua residência foi<br />
trabalhar na Argélia <strong>em</strong> 1953 e ficou até sua <strong>de</strong>portação quatro anos mais tar<strong>de</strong>, <strong>em</strong><br />
virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus estudos culturais e psicológicos sobre aquele país.<br />
Todas estas experiências contribuíram para o seu livro <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>staque: Pele<br />
Negra, Máscaras Brancas (1952), uma análise do efeito da subjugação colonial sobre a<br />
humanida<strong>de</strong>. Esta obra foi originalmente apresentada e recusada como sua tese <strong>de</strong><br />
doutorado <strong>em</strong> Lyon. Mais tar<strong>de</strong>, <strong>em</strong> seu livro Os Con<strong>de</strong>nados da Terra, <strong>de</strong> 1961,<br />
censurado pela França e prefaceado por Jean-Paul Sartre, Fanon discute os efeitos da<br />
tortura das forças francesas que se sobrepõ<strong>em</strong> na guerra na Argélia. Ele analisa também<br />
o papel da classe social, da raça, da cultura e da violência <strong>em</strong> prol da libertação<br />
nacional.<br />
É neste livro que encontramos claramente sua posição anti-colonial. Para ele, o<br />
colonialismo é fator <strong>de</strong>cisivo sobre todos os aspectos da vida do colonizado.<br />
O valor que mais se <strong>de</strong>staca nos pontos <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> Fanon sobre<br />
a questão cultural encontra-se no paradigm evolutivo que ele<br />
estabeleceu b<strong>em</strong> como sua ênfase na dimensão nacional da<br />
consciência anti-colonial.<br />
[The most enduring value of Fanon’s views on the cultural<br />
question is to be located in the evolutionary paradigm which he<br />
established as well as in his <strong>em</strong>phasis on the national dimension<br />
of the anti-colonial consciousness (ASHCROFT, 1999, p. 158)].<br />
Po<strong>de</strong>mos dizer que Fanon foi influenciado pelo movimento da Negritu<strong>de</strong>,<br />
contudo, seu trabalho t<strong>em</strong> uma ‘essência racial’ que não é somente negra, mas que se<br />
esten<strong>de</strong> a quaisquer pessoas colonizadas. Tanto que sua obra inspirou lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong><br />
movimentos <strong>de</strong> libertação e <strong>de</strong> <strong>de</strong>scolonização <strong>em</strong> diversos lugares, como Ali Shariati<br />
no Iran, Steve Biko na África do Sul, Malcolm X nos Estados Unidos e Ernesto Che<br />
Guevara <strong>em</strong> Cuba, além dos palestinos e afro-americanos. Frantz Fanon morreu <strong>de</strong><br />
leuc<strong>em</strong>ia e foi enterrado na Argélia com o nome <strong>de</strong> ‘Ibrahim Fanon’.<br />
Fanon se tornou, assim, um <strong>de</strong>fensor da resistência e da revolução contra o<br />
colonialismo. Tal resistência, <strong>de</strong>fendia ele, se dava por meio da violência, porque,<br />
segundo Fanon, esta é a única língua que o colonizador enten<strong>de</strong>.<br />
42