06.06.2013 Views

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

Dissertação completa - Programa de Pós-Graduação em Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ao notar os fatos que o cercavam, Nash foi formando opinião diversa da que<br />

tinha até então. Ele começa a criticar os imigrantes americanos que faz<strong>em</strong> fortuna por<br />

meio da exploração dos nativos (“Sr. Charles, um americano, (...) levou cruelmente<br />

(dois rapazes) para uma feitoria <strong>de</strong> escravos (...)” [Mr. Charles, an American, (...)<br />

cruelly carried th<strong>em</strong> (two boys) to a slave factory (...) (PHILLIPS, 1993, p. 31)]) e,<br />

acima <strong>de</strong> tudo, percebe <strong>de</strong> outra forma o país <strong>em</strong> que habita. O lugar que antes era<br />

consi<strong>de</strong>rado s<strong>em</strong> recursos para plantação e com pessoas <strong>de</strong>sprezíveis, saltava aos olhos<br />

<strong>de</strong> Nash como a “terra <strong>de</strong> nossos ancestrais, on<strong>de</strong> brotam muitas frutas <strong>de</strong>liciosas” [land<br />

of our forefathers, where many <strong>de</strong>licious fruits grow (PHILLIPS, 1993, p. 32)] (quando<br />

já se vê a inversão <strong>de</strong> seus valores que antes consistiam <strong>em</strong> explorar a terra) e pe<strong>de</strong> a<br />

Edward: “Se você ouvir algo <strong>de</strong>srespeitoso sobre ela, eu ficaria grato se você pedisse<br />

para calar<strong>em</strong>-se” [If you hear any speaking disrespectful of it, I would be grateful if you<br />

would tell th<strong>em</strong> to hush their mouths (...) (PHILLIPS, 1993, p.32)].<br />

Ao mesmo t<strong>em</strong>po que vai adquirindo uma nova visão sobre seu país, um Nash<br />

autônomo e agente começa a surgir. Sua subjetivida<strong>de</strong> ascen<strong>de</strong> não só para ele como<br />

também para seus pares, pois agora é chamado <strong>de</strong> ‘Sr. Williams’. Este é o primeiro<br />

passo para a (re)aquisição <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>: um nome. Antes, nos Estados Unidos, só o<br />

chamavam <strong>de</strong> ‘rapaz’, o que alu<strong>de</strong> à questão do nome. O nome é dado para <strong>de</strong>nominar<br />

uma pessoa, enquanto ‘menino’ ou ‘rapaz’ serve para qualquer um. Apesar <strong>de</strong> ser<br />

chamado pelo nome <strong>de</strong> seu amo (Williams), já era, ao menos, um nome, um indício <strong>de</strong><br />

subjetivida<strong>de</strong>.<br />

Suas ambições também começam a mudar, pois agora planta “o suficiente para<br />

sustentá-los” [(…) just enough to sustain us from starvation (PHILLIPS, 1993, p. 39)] e<br />

não objetiva mais o comércio e o lucro obtido da exploração. Desta forma, toda sua vida<br />

vai sendo modificada. Os padrões que antes pautavam sua vida vão sendo abandonados<br />

e ele se questiona porque seguir os ex<strong>em</strong>plos da civilização americana. “Não estamos na<br />

África?” [Are we not in Africa? (PHILLIPS, 1993, p.40)], reflete ele.<br />

Agora, olhando ao seu redor, Nash não vê mais a inferiorida<strong>de</strong> da África. Ao<br />

contrário, se sente aviltado <strong>em</strong> suas raízes e conclui: “este protecionismo americano é<br />

uma <strong>de</strong>sgraça a nossa dignida<strong>de</strong> e uma mancha no nome do nosso país” [this American<br />

protectionism is a disgrace to our dignity, and a stain on the name of our country<br />

(PHILLIPS, 1993, p. 41)]. Está aí a <strong>completa</strong> construção do sujeito. Nash consegue<br />

perceber o quanto havia sido explorado. Suas crenças sobre a superiorida<strong>de</strong> branca<br />

75

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!