esses, objetivos e expectativas (RIBEIRO, VARGAS, 2004). Assim, a concepçãodos habitantes <strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> sobre o que seja trânsito seguro e comqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do quanto suas peculiarida<strong>de</strong>s são atendidas.Segundo Monteiro (2004):Por isso mesmo, o conceito <strong>de</strong> comportamento ina<strong>de</strong>quado<strong>de</strong>ve incluir os seus efeitos tanto sobre quem o emite quantosobre os outros participantes. É um conceito que <strong>de</strong>ve incluirobjetivos individuais e coletivos. (p. 20).Além disso, a compreensão das situações <strong>de</strong> trânsito passa, muitasvezes, mais por questões valorativas e epistemológicas do que técnicas,ou <strong>de</strong> certo e errado. Sendo um ambiente <strong>de</strong> interações sociais,o trânsito <strong>de</strong>ve ser analisado a partir <strong>de</strong> um caráter holístico, tal qual<strong>de</strong>ve ser um ecossistema urbano (EXLINE, 1982, apud RIBEIRO, VARGAS,2004). De acordo com Rozestraten (2003), o ambiente <strong>de</strong> trânsito <strong>de</strong>veser entendido a partir <strong>de</strong> três dimensões:• Física (pistas, calçadas, temperatura climática, veículos,estimulação sonora e visual, sinalização, etc.).• Normativa (Código <strong>de</strong> Trânsito Brasileiro – CTB e leis específicas<strong>de</strong> cada lugar).• Social, que abrange os comportamentos <strong>de</strong> interaçãohumana que ocorrem nas diversas situações <strong>de</strong> trânsito,os quais são diretamente influenciados pelas variáveisindividuais (tais como sexo, ida<strong>de</strong>, nível educacional, entreoutras), principalmente as psicológicas (personalida<strong>de</strong>,agressivida<strong>de</strong>, emoções, ansieda<strong>de</strong>, entre outras).Assim, <strong>de</strong> acordo com Monteiro (2004) e Monteiro e Günther (2006),o participante do trânsito comporta-se em função: das normas e dasconsequências <strong>de</strong> seu não cumprimento, das possibilida<strong>de</strong>s e barreiras doambiente físico, das práticas sociais e culturais daquela socieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong>variáveis individuais, principalmente as psicológicas. Portanto, e <strong>de</strong> acordo102
com alguns trabalhos realizados, inclusive em colaboração com o professorGünther, se um motorista, por exemplo, comete um erro ou uma violação,ele o faz em função das seguintes razões: o ambiente físico permiteque ele faça isso sem danificar o seu veículo e a si mesmo; a fiscalizaçãodo cumprimento da norma não está sendo feita <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada, ouseja, com observação contínua e rígido cumprimento das consequênciasprevistas na lei; o ambiente social do trânsito daquela socieda<strong>de</strong> não apenaspermite, mas até incentiva esse tipo <strong>de</strong> comportamento, e algumasvariáveis individuais (ida<strong>de</strong> e um alto nível <strong>de</strong> agressivida<strong>de</strong>, por exemplo)contribuem para este tipo <strong>de</strong> comportamento. Em suma, po<strong>de</strong>-se afirmarque o participante tem a predisposição (características individuais) e aoportunida<strong>de</strong> (ambiente físico propício, fiscalização <strong>de</strong>ficiente e ambientesocial permissivo) para errar e violar regras <strong>de</strong> trânsito.Consi<strong>de</strong>rando que a interação entre aspectos disposicionais e situacionaisinfluencia os comportamentos dos participantes do trânsito,supõe-se que as intervenções preventivas <strong>de</strong> erros e violações <strong>de</strong>vemincluir medidas educativas, alterações no ambiente físico, mudança <strong>de</strong>atitu<strong>de</strong>, que necessariamente inclui modificações cognitivas (<strong>de</strong> crenças),afetivas (posicionamentos pró e contra) e comportamentais e alteraçõesnas normas <strong>de</strong> trânsito e nas formas <strong>de</strong> fiscalização do seu cumprimentonas vias. Essas ações, aplicadas conjunta e continuamente, parecem sero caminho mais óbvio para o aumento da segurança e da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida coletiva no trânsito, por mais subjetivos que sejam esses conceitos.Diante <strong>de</strong>ssa obvieda<strong>de</strong>, por que erros e violações continuam com taxas<strong>de</strong> ocorrência tão altas? A resposta a essa pergunta po<strong>de</strong> ser iniciadacom a discussão sobre a complexida<strong>de</strong> que essas ações apresentam emum contexto que valoriza objetos e objetivos explicitamente relacionadosao risco e ao prazer imediato, como ilustra Fiorelli e Mangini (2009):Um <strong>de</strong>staque especial merece a publicida<strong>de</strong> que cerca oautomóvel, estimuladora <strong>de</strong>sse estado <strong>de</strong> coisas; ela baseia-seno binômio velocida<strong>de</strong> e sedução. Condução audaciosa,conquista sexual e sucesso compõem uma receita<strong>de</strong> bolo repetida à exaustão. A imagem <strong>de</strong> segurança e103
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