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Baixar arquivo - Conselho Federal de Psicologia

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No âmbito dos governos estaduais e municipais o subsídio aos usuários<strong>de</strong> automóveis é diferente, mas não menos expressivo. Nós temosuma cultura, aplaudida, salvas exceções, por todos nós, classe média e pelosmeios <strong>de</strong> comunicação que acreditam que a solução do trânsito no Brasil éfazer obras viárias, apesar <strong>de</strong> São Paulo ser o principal exemplo <strong>de</strong> fracasso<strong>de</strong>sses investimentos. A ponte estaiada sobre o Rio Pinheiros, por exemplo,que custou 350 milhões <strong>de</strong> reais, foi apresentada como a solução dos problemas<strong>de</strong> trânsito na região, mas, se passarmos por lá, hoje, às cinco datar<strong>de</strong>, provavelmente ela estará totalmente congestionada.Então, nós temos políticas municipais, estaduais e fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> estímuloao uso do automóvel e da motocicleta. Além <strong>de</strong> <strong>de</strong>nunciarmosque isso por si já é um problema enorme, há ainda outro aspecto negativo,que é a forma como as pessoas se apropriam da cida<strong>de</strong>, ou melhor,quem se beneficia <strong>de</strong>ssa política <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>.Todos os estudos sobre mobilida<strong>de</strong>, no Brasil e no mundo, mostramque as pessoas se movimentam na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma diferenciada, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndodo gênero, da renda, da ida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> outras condições socioeconômicas,isto é, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>ssas condições, as pessoas se movimentammais e, portanto, apropriam-se mais facilmente das oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>emprego, educação ou lazer que a cida<strong>de</strong> oferece. Quanto mais renda aspessoas têm, mais elas viajam, ou seja, elas usam mais as coisas que a cida<strong>de</strong>oferece. Elas trabalham, vão à aula <strong>de</strong> inglês, ao <strong>de</strong>ntista, ao médico.Isso é culpa e é consequência do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> transporte que adotamos.O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> urbana vigente na maior parte das cida<strong>de</strong>sbrasileiras, além <strong>de</strong> ser perverso, em termos <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> impactos, éperverso na apropriação que permite que as pessoas, <strong>de</strong> diferentes condiçõessociais, possam ter da cida<strong>de</strong>. O nosso mo<strong>de</strong>lo favorece muito aspessoas que têm acesso ao carro, à motocicleta, ao transporte individual.Tradicionalmente as prefeituras concentram investimentos nas áreas<strong>de</strong> maior renda, até porque lá há gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mandas, e investem muitomais em obras <strong>de</strong>stinadas ao transporte individual do que ao transportecoletivo. Na verda<strong>de</strong>, a maior parte dos gastos no sistema viário, um espaçopúblico que <strong>de</strong>veria ser para todos, é <strong>de</strong>stinada aos usuários do transporteindividual. Então, a rua, que é um espaço público, é apropriada?148

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