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Baixar arquivo - Conselho Federal de Psicologia

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meus entrevistados, o sentimento <strong>de</strong> hostilida<strong>de</strong> expressa a i<strong>de</strong>iageneralizada <strong>de</strong> que a gran<strong>de</strong> maioria se consi<strong>de</strong>ra melhor do queos <strong>de</strong>mais. Os taxistas são um caso à parte, eles são os mais experientese eles ‘zombam’ dos motoristas comuns, à exceção, talvez,dos motoristas <strong>de</strong> ônibus, que estão todos os dias na rua, e são osque mais disseram a mim que tinham infrações por alta velocida<strong>de</strong>,porque “eu passo a velocida<strong>de</strong>, eu tenho umas cinco, seis multas pormês, eu recorro, umas duas ou três eu ganho”. Motoristas <strong>de</strong> ônibus– e isso ficou muito claro <strong>de</strong>pois da fala dos motoboys – sentem-semuito protegidos pelo fato <strong>de</strong> terem carros gran<strong>de</strong>s. Eles <strong>de</strong>notamoutro valor, outra consi<strong>de</strong>ração na fala dos entrevistados– e voltoa falar para vocês que isso tem relação com nosso modo <strong>de</strong> vivermais geral –, que é um sentimento <strong>de</strong> ressentimento social forteexistente na socieda<strong>de</strong> brasileira.Também a questão <strong>de</strong> classes, ainda que esse conceito sejamuito complexo hoje em dia. Os motoboys, eles mesmos me disseramisso, se juntam e se consi<strong>de</strong>ram realmente um grupo, umatribo, porque que eles se sentem vítimas do preconceito da socieda<strong>de</strong>em geral. Os próprios motoboys me diziam, “A gente vai fazeruma entrega no prédio, eles mandam a gente subir pelo elevador<strong>de</strong> serviço ou <strong>de</strong> uma maneira que a gente não encontre com maisninguém, porque ninguém acredita em motoboy, todo mundo tempreconceito contra motoboy, então, quando tem alguma coisa queenvolve a gente na rua, a gente realmente se une. Os motoristas<strong>de</strong> carros particulares. Principalmente os motoristas <strong>de</strong> carro importadoou <strong>de</strong> carros do ano – não respeitam a gente, porque elesestão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um carro do ano ou importado e se acham melhoresque nós”. E assim, sucessivamente, essa percepção <strong>de</strong> quehá um ressentimento social se revela e, na locomoção imediata dotrânsito, transparece e ganha uma força muito intensa, porque elapo<strong>de</strong> acabar em conflitos fatais. Então, como o motorista se sentequando tem um carro pior? Ele se sente vitimado por aquele quetem um carrão e se sente no direito <strong>de</strong> passar na frente <strong>de</strong>le porqueo carro <strong>de</strong>le é mais potente. Ele justamente comprou um carro mais47

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