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Baixar arquivo - Conselho Federal de Psicologia

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porque estamos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nosso espaço. Como esquecemos queesse nosso espacinho privado está inserido em um espaço maior,que é público e que é <strong>de</strong> todos.Então, a ausência <strong>de</strong> noção <strong>de</strong> direção <strong>de</strong>fensiva na gran<strong>de</strong>maioria dos motoristas peca, por quê? Porque a maioria dos motoristasnão tem noção do outro no espaço, embora acredite quetem noção. Eu gostaria muito <strong>de</strong> levantar uma questão, que, nasfalas dos entrevistados com quem eu conversei, ficou muito nítida.Vocês já <strong>de</strong>vem esperar isso que eu vou falar: “Eu sou uma ótimamotorista, os outros não são tanto”. Existe essa concepção generalizada.Nós po<strong>de</strong>mos perceber, aqueles que são ou se consi<strong>de</strong>rambons motoristas – eu pelo menos, consi<strong>de</strong>ro –, que 60% ou 70%dos motoristas hoje na rua, que saem das autoescolas, po<strong>de</strong>riamvoltar para elas, homens e mulheres. Tecnicamente não são bons,tecnicamente não fazem uso dos espaços <strong>de</strong> maneira a propiciar aboa locomoção para os outros motoristas.Além disso, existe outro fator e eles todos estão relacionados,como eu disse, na valorização do veículo individual. Se estou falando<strong>de</strong> uma cida<strong>de</strong> que eu pesquisei, que é São Paulo, estou falandodo maior exemplo disso, nós temos visto políticas públicas aindaatualmente que valorizam a locomoção pelos veículos individuais,e isso continua, e isso não tem fim. A própria classe média, sobretudo,valoriza isso — até foi muito interessante o colega dizer queo trânsito começa a ser percebido como outros problemas sociaisquando ele atinge a classe média. Mas mesmo assim a classe médiaprefere ainda pegar o pedacinho do conforto do seu espaço privado,que é o carro, como se fosse uma ramificação da sua casa e sair<strong>de</strong> automóvel pelas ruas, e nós continuamos com políticas públicasque valorizam o transporte individual.Eu falei no começo que eu consi<strong>de</strong>ro um texto emblemáticodo modo <strong>de</strong> viver do brasileiro em geral. O brasileiro, nós sabemos– nós sociólogos discutimos muito isso – tem uma noção <strong>de</strong> cidadaniamuito precária. Isso é tanto na questão <strong>de</strong> sermos portadores<strong>de</strong> direitos, reclamadores <strong>de</strong> direitos, como eu consi<strong>de</strong>ro, como ci-45

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