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Baixar arquivo - Conselho Federal de Psicologia

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exatamente aqueles segmentos mais vulneráveis aqui referidos. Algumasadvertências que são feitas a esses mais vulneráveis (e quandoeu falo vulnerável não é só física, mas socialmente também) como ospe<strong>de</strong>stres e ciclistas. Algumas das contradições mais flagrantes que eutinha notado estão relacionadas, em boa parte, à própria formação <strong>de</strong>parte <strong>de</strong>ssa população <strong>de</strong> vulneráveis. Po<strong>de</strong>mos falar que motoristasmal-educados. Mas pe<strong>de</strong>stres não educados – ninguém tira carteirapara ser pe<strong>de</strong>stre. Outro ponto que eu <strong>de</strong>stacaria é a internalizaçãoda condição <strong>de</strong> cidadãos <strong>de</strong> segunda classe que o pe<strong>de</strong>stre e o ciclista,para falar <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>les, acabam tendo em boa parte do país. Eles sãovistos como “cidadãos menores” no trânsito e essa visão está também<strong>de</strong>ntro da área técnica <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Tráfego, com que eu trabalhei.Às vezes, o pe<strong>de</strong>stre é visto mais como um empecilho ao trânsito doque como trânsito propriamente dito. O efeito que isso acaba tendo éque o próprio pe<strong>de</strong>stre acaba internalizando essa condição <strong>de</strong> cidadão<strong>de</strong> segunda classe, <strong>de</strong> alguém que “não é” trânsito, mas alguém que, naverda<strong>de</strong>, é visto como quem “atrapalha” o trânsito. À medida que elese vê nessa condição, também sente-se <strong>de</strong>sobrigado <strong>de</strong> cumprir regras<strong>de</strong> um sistema do qual não faz parte. Para que iria ter <strong>de</strong> atravessar arua nesse lugar aqui se ele não se sente parte do trânsito, mas sim algocomo uma pedra atrapalhando o trânsito?Nas passarelas <strong>de</strong> Brasília, um pe<strong>de</strong>stre, uma gestante ou umidoso tem <strong>de</strong> dar toda essa volta ali por cima para, na verda<strong>de</strong>, nãoatrapalhar o fluxo <strong>de</strong> veículos. Na verda<strong>de</strong>, passarela <strong>de</strong> pe<strong>de</strong>stre, emboa parte das vias, não é feita para pe<strong>de</strong>stre. É feita para não atrapalharo carro. Isso tem <strong>de</strong> ser colocado às claras. Essa outra imagemaqui é em Recife. Essa suposta passarela parece mais um andaime.E se essas pessoas não passarem por aí são consi<strong>de</strong>radas “culpadas”pelos aci<strong>de</strong>ntes. Isso aqui é uma passagem subterrânea em Brasília.Brasília, que é tida como um lugar em que se respeita muito o pe<strong>de</strong>stre.Essas outras imagens, para quem conhece Brasília, são no EixãoNorte. São as passagens subterrâneas que vocês, têm a sorte <strong>de</strong> nãoconseguir sentir o cheiro. Elas não inspiram nem segurança nem higienenem conforto.166

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