abertos. Hoje os sujeitos que transitam ou que vivem por ali circulamentre a arte, as ruas e a calçada, garantindo assim que o processo <strong>de</strong>mobilida<strong>de</strong> também seja um processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem.No Instituto Paulo Freire tratamos <strong>de</strong> várias maneiras <strong>de</strong> espaçoda aprendizagem <strong>de</strong> tempo integral ou espaço da educação integralou espaço <strong>de</strong> horário integral. Essa coisa da educação em tempo integral,do horário integral em todos os tempos, em todos os lugares, elanão tem mais nada do que simplesmente a valorização da vida e <strong>de</strong>como nós <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequenos apren<strong>de</strong>mos a construir e a escrever nossocontexto <strong>de</strong> vida e nossa história. Se temos oportunida<strong>de</strong>s diferenciadas,vamos ter um olhar mais apurado e uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não maisestar sozinho porque estou bem, mas <strong>de</strong> estar com o outro porqueestou bem e, para estar com outro, para que todos estejam bem, eu fuicampo do direito, porque espaço público é fundamental. E, olhandopara a frente, se formos fazer uma análise <strong>de</strong> contexto, especialmentenesta cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> estamos, provavelmente a gente <strong>de</strong>sanime, masolhar para frente e dizer que além do horizonte <strong>de</strong>ve ter “algum lugarbonito para viver em paz, on<strong>de</strong> eu possa encontrar a natureza e a alegriae felicida<strong>de</strong> com certeza”. Isso não é menos importante do que asnossas teses <strong>de</strong> mestrado e doutorado ou nossas pesquisas científicasou nossa educação da Universida<strong>de</strong>. Isso não é menos importante. Deque adianta tudo isso se não temos o contexto <strong>de</strong> vida que nos faz serseres humanos mais completos, estar em um ambiente mais completo?Em São Paulo, provocados por tudo isso, por essa indignação do<strong>de</strong>srespeito às leis, ao espaço e ao sujeito, criamos, há mais ou menostrês anos, um movimento que se chama Movimento Nossa São Paulo,que, além <strong>de</strong> ter um grupo <strong>de</strong> trabalho específico <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>em que cuidamos do Dia sem Carro na Cida<strong>de</strong>, uma campanha bastanteforte contra as empresas petrolíferas, por causa do petróleo edo combustível limpo. Trabalhamos com a política pública, cobrandoe monitorando os governos local, estadual e municipal sobre o espaçodo pe<strong>de</strong>stre, as ciclovias, os espaços das praças públicas e <strong>de</strong> lazer,para que sejam públicos, que possamos ter esses espaços públicos. Nóstemos também incidência em leis e políticas públicas <strong>de</strong> forma direta,98
tanto no monitoramento como no acompanhamento. Tivemos um ganhomuito gran<strong>de</strong>, que foi a lei orgânica do município, que faz e obrigao po<strong>de</strong>r público e o governo local a construir um plano <strong>de</strong> metas, atorná-lo público e cumpri-lo, porque o sujeito cidadão organizado vaimonitorá-lo. Temos também um espaço que se chama Espaço Municípioque Educa. Não é mais na cida<strong>de</strong>, estamos falando <strong>de</strong> um espaçourbano, mas o município é composto pelo espaço urbano e o espaçorural do sujeito pleno <strong>de</strong> direitos, porque lhes são permitidos, e do sujeitopleno <strong>de</strong> direitos que não tem, porque não lhes são permitidos.Dentro <strong>de</strong>sse espaço tem outro, que é o espaço virtual, o espaço dasrelações sociais que se dão para quem não consegue estar presente.Todas as cida<strong>de</strong>s gostariam <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> ter espaços melhores, <strong>de</strong> sermelhores, construídas por sujeitos e indivíduos, eles plenos <strong>de</strong> direitosou não, e melhores também.Tem outra musiquinha que nos remete a outra cida<strong>de</strong>, que nãoSão Paulo, mas na qual acho que gostaríamos <strong>de</strong> estar, não exatamentenaquela a que a canção se refere, que diz assim: “Cida<strong>de</strong> maravilhosa,cheia <strong>de</strong> encantos mil, cida<strong>de</strong> maravilhosa, coração do meu Brasil”.Cida<strong>de</strong> maravilhosa – sem mobilização, sem organização social, semmuita pesquisa, sem muito estudo e sem muito entendimento da legislação,para que não sejamos enganados por ela. Se nessa fala todos nóspudéssemos sair com o propósito <strong>de</strong> pensar essa cida<strong>de</strong> justa e sustentável,talvez não mais para nós, e não para hoje, mas no tempo, daquia alguns anos, nossos her<strong>de</strong>iros estarão aqui, discutindo este tema queé fascinante, porém, em nossa ótica, ainda triste, que é a questão doespaço público e o direito do cidadão <strong>de</strong> ir e vir e <strong>de</strong> se relacionar como outro e com os passos da cida<strong>de</strong>.99
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