se controla o processo <strong>de</strong> crescimento da cida<strong>de</strong>. Esse mo<strong>de</strong>lo, chamadopelo urbanista Nestor Goulart <strong>de</strong> dispersão urbana, nós criamos por contados meios <strong>de</strong> transportes mais flexíveis, a habitação foi se dispersando,a indústria se dispersou. Antigamente, a indústria ficava presa nas ferrovias,em São Paulo e outras cida<strong>de</strong>s, ocupavam as várzeas ao longo dosrios, on<strong>de</strong> estavam a ferrovia e os galpões industriais. Hoje, há indústriaem todo lugar. Não só a indústria, mas também os serviços e a habitação;as pessoas também se espalharam pelas periferias, tanto os pobres comoos ricos ten<strong>de</strong>m a se dispersar, ainda que por motivos diferentes.Consi<strong>de</strong>rando os custos, os consumos e os impactos causados pelosdiferentes modos <strong>de</strong> transporte, seria bom para todos nós, para a socieda<strong>de</strong>,se mais pessoas andassem <strong>de</strong> meio coletivos e menos pessoasutilizassem os automóveis e motocicletas, porque emitiríamos menospoluição, mataríamos menos pessoas, consumiríamos menos energia emenos espaço. Porém, o que está acontecendo em São Paulo, no Brasile no mundo inteiro é o contrário. Isto é, a participação <strong>de</strong> usuários queusam transporte coletivo vem caindo, enquanto cresce o número <strong>de</strong> pessoasque usam automóveis e motos. Esses dados são evi<strong>de</strong>ntes em umapesquisa <strong>de</strong> origem e <strong>de</strong>stino que o Metrô faz na Região Metropolitana<strong>de</strong> São Paulo a cada <strong>de</strong>z anos, então, São Paulo tem uma boa série histórica.Fora uma anomalia na última edição, que foi atribuída ao bilheteúnico, São Paulo segue a tendência mundial <strong>de</strong> crescimento do uso doautomóvel, da motocicleta e a queda do uso do transporte público.Ou seja, se nós temos um diagnóstico que o mo<strong>de</strong>lo atual <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>urbana é um problema, a primeira conclusão é que esse problemaestá se agravando e ten<strong>de</strong> a se agravar, ou seja, nós estamos indo nocaminho errado. Imaginem o que acontece quando uma pessoa que usaônibus compra uma motocicleta, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> usar o ônibus e passa a fazersuas viagens cotidianas <strong>de</strong> moto. O que acontece com os indicadores damobilida<strong>de</strong>? Essa pessoa passa a poluir quatro vezes mais e a emitir maispoluentes na sua viagem. É óbvio que um ônibus emite mais poluentesdo que uma moto, só que a moto tem uma pessoa em cima, o ônibustem 30, 40, 70. Então, o passageiro por veículo polui muito menos, consomemuito menos. A pessoa do nosso exemplo, além <strong>de</strong> poluir quatro144
vezes mais, consome 20% mais energia e consome quase três vezes maisespaço viário. Então, para a socieda<strong>de</strong>, essa <strong>de</strong>cisão (<strong>de</strong> trocar o ônibuspela motocicleta) foi um <strong>de</strong>sastre. Se todas as pessoas abandonarem osônibus e comprarem uma moto, nós teremos sérios impactos negativos.Agora, se foi ruim para a socieda<strong>de</strong>, para a pessoa que fez isso foi bom.Ela vai gastar menos tempo, <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>rá menos esforço <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento,pois vai escolher os seus caminhos i<strong>de</strong>ais, e, principalmente, vai gastar muitomenos, quase meta<strong>de</strong> do que gastava com o transporte coletivo.Qual que é a nossa preocupação? Nós queremos que as pessoasusem o transporte coletivo, mas nós todos faríamos exatamente o contrário,porque nós fazemos o que é melhor para nós. Então, isso é umproblema, e como que se explica esse problema?Em São Paulo, quando as pessoas saem <strong>de</strong> casa e vêm para cá, porexemplo, elas fazem uma escolha: como que eu vou? As pessoas po<strong>de</strong>mir <strong>de</strong> metrô, <strong>de</strong> ônibus, a pé ou <strong>de</strong> carro. Nessa opção elas levam em contabasicamente dois fatores: o tempo que elas vão gastar e o quanto elasvão <strong>de</strong>sembolsar. Então, nós na ANTP fizemos uma simulação <strong>de</strong> umaviagem média <strong>de</strong> sete quilômetros em São Paulo, se a pessoa for a pé, <strong>de</strong>ônibus, <strong>de</strong> carro ou <strong>de</strong> moto. O metrô não foi incluído nessa comparaçãoporque nem todas as regiões da cida<strong>de</strong> têm acesso ao metrô, mas existemônibus, carros e motos em todos os lugares.Estimamos que, para chegar até o ponto <strong>de</strong> ônibus, essa pessoavai caminhar 12 minutos. Se ela tem um carro ou uma moto na garagem,é só o tempo <strong>de</strong> abrir o portão, é muito rápido. Aí tem um tempo<strong>de</strong> espera no ponto <strong>de</strong> ônibus; supondo que é uma linha bastante frequente,seriam seis minutos <strong>de</strong> espera. Quem está <strong>de</strong> carro ou <strong>de</strong> motonão espera nada, pega o veículo e sai dirigindo. E por fim tem o tempo<strong>de</strong> viagem que, obviamente, é maior no ônibus, um pouco menor nocarro e bem menor na motocicleta. O resultado, em termos <strong>de</strong> tempo,é que quem foi <strong>de</strong> carro gastou meta<strong>de</strong> do tempo do que quem foi <strong>de</strong>ônibus e quem foi <strong>de</strong> moto, um terço do tempo. Ou seja, é mais rápido,evi<strong>de</strong>ntemente. Isso é óbvio, não?E o custo? Consi<strong>de</strong>rando o preço da tarifa vigente em São Paulo parao ônibus e consi<strong>de</strong>rando apenas o custo da gasolina e do estacionamento,145
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mento, de alteridade e modos inesgo
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