pen<strong>de</strong> do grupo social e <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> condições.Lá na ANTP, nós fazemos algumas contas com base em um gran<strong>de</strong>banco <strong>de</strong> dados que coletamos nas cida<strong>de</strong>s brasileiras. Fazemosuma pesquisa nos 438 municípios que têm mais <strong>de</strong> 60 mil habitantes.O Brasil tem mais <strong>de</strong> cinco mil municípios, mas apenas 438 cida<strong>de</strong>stêm população acima <strong>de</strong> 60 mil habitantes. Esses 438 municípios,menos <strong>de</strong> 10% do total, respon<strong>de</strong>m por 80% <strong>de</strong> quase tudo, da frotada população, do PIB, do número <strong>de</strong> leitos hospitalares, do número<strong>de</strong> vagas das escolas, etc. Então, apesar <strong>de</strong> ser limitação da nossaabordagem, concentramos a nossa leitura nesses municípios. A pesquisaé feita com questionários mandados a todos esses municípios,e, como nem todos respon<strong>de</strong>m, <strong>de</strong>senvolvemos um sistema que temestimadores para calcular alguns dos números não informados quesão passiveis <strong>de</strong> ser parametrizados.No Brasil, nessas 438 cida<strong>de</strong>s, são feitas diariamente 150 milhões<strong>de</strong> viagens. O termo viagem não se refere apenas à pessoa que vai trabalhar.Se a pessoa vai e volta, são duas viagens. Se ela vai trabalhar, vaina escola e volta, são três viagens. Se vai ao supermercado, ao médico ouao cinema, são outras viagens. São 150 milhões <strong>de</strong> viagens estimadas, oque dá 50 bilhões <strong>de</strong> viagens por ano. Para essas viagens, há uma divisãomodal, entre quem vai <strong>de</strong> ônibus, <strong>de</strong> bicicleta, a pé, <strong>de</strong> carro, <strong>de</strong> moto.Então, basicamente, 40% das viagens feitas cotidianamente são feitaspor modos não motorizados, 38% a pé e 2% <strong>de</strong> bicicleta. Os cicloativistasacham que esses dados estão subestimados, que as pessoas, muitas vezes,não <strong>de</strong>claram nas pesquisas a bicicleta como meio <strong>de</strong> transporte, maso fato é que esse número está muito puxado para as gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s.Nas pequenas cida<strong>de</strong>s, a bicicleta cresce muito em participação, em todocaso, a maioria das viagens é feita por meio motorizado.Entre as viagens motorizadas, basicamente, a divisão é meio a meio,50% são feitos por meios coletivos, ou seja, ônibus, trens, metrôs, e aoutra meta<strong>de</strong>, por meios individuais, automóveis e motocicletas basicamente,com as motos crescendo muito rapidamente nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s.Excluindo as viagens feitas por meios não motorizados – porqueeu vou falar <strong>de</strong> impactos e a viagem a pé ou por bicicleta praticamente140
não tem impacto na emissão <strong>de</strong> poluentes ou nos congestionamentos enão tem impacto <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> energia, a não ser a própria energia dapessoa, as <strong>de</strong>mais viagens, feitas por modos <strong>de</strong> transporte motorizadosconsomem recursos e causam impactos <strong>de</strong> maneira bem diferenciada.Quando nós pegamos essa divisão modal entre os meios <strong>de</strong> transportecoletivos e individuais, e consi<strong>de</strong>ramos a emissão <strong>de</strong> poluentes,com base na quilometragem rodada, é possível calcular a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>poluentes emitidos na atmosfera por cada modo <strong>de</strong> transporte. Então,aquela relação <strong>de</strong> uso, que era meio a meio, torna-se praticamente <strong>de</strong>dois terços para um terço, ou seja, dois terços <strong>de</strong> toda a poluição veicularé emitida pelos veículos <strong>de</strong> transporte individual: automóveis e motos, eapenas um terço pelos modos coletivos.Consi<strong>de</strong>rando outro indicador, no Brasil morrem por ano mais <strong>de</strong>35 mil pessoas em aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trânsito. Isso é mais ou menos como secaísse um avião por dia nas cida<strong>de</strong>s brasileiras, nas nossas ruas. Quandocai um avião, há uma gran<strong>de</strong> mobilização, mas um número <strong>de</strong> mortesequivalente a isso, por dia, espalhado pelo país inteiro, não gera nasocieda<strong>de</strong> a mesma comoção, mas 35 mil mortes por ano sensibilizama área da Saú<strong>de</strong>, que sente isso em dois momentos: na hora do tratamentoe na hora <strong>de</strong> pagar a conta.A ANTP fez um estudo junto com o Ipea, em 2003, que calculouque o país per<strong>de</strong> seis bilhões <strong>de</strong> reais por ano em aci<strong>de</strong>ntes, apenas nasvias urbanas; <strong>de</strong>pois fizemos um estudo específico para as estradas: sãooutros 22 bilhões <strong>de</strong> reais por ano perdidos em custos diretos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,perda <strong>de</strong> equipamentos, danos materiais e custos <strong>de</strong> horas perdidas <strong>de</strong>trabalho, por morte, ou por invali<strong>de</strong>z temporária ou permanente.Há ainda uma abordagem interessante, que não é consi<strong>de</strong>rada nessascontas, e que a <strong>Psicologia</strong> usa muito, os chamados <strong>de</strong> custos invisíveis,que são os traumas, as sequelas geradas nas outras pessoas e não sóem quem é aci<strong>de</strong>ntado. Por exemplo, os profissionais que trabalham noatendimento às ocorrências, como bombeiros, equipes <strong>de</strong> resgate, quenão são vítimas dos aci<strong>de</strong>ntes, mas também sofrem impactos psicológicosmuito fortes <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ssa convivência com essa situação agressiva.Esses dados, não monetizáveis, não entraram na nossa conta.141
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mento, de alteridade e modos inesgo
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