justamente era tudo centrado somente na individualização, na pessoa,e era uma tentativa <strong>de</strong> explicação reducionista. Por que reducionista?A mídia tem um fator muito importante na formulação da i<strong>de</strong>ia, daimagem que uma pessoa tem do <strong>de</strong>sastre. Essa é a notícia que eu recebo,que eu leio no jornal. É a notícia que eu ouço no rádio. É o meu vizinhobatendo: “Saia daqui, porque aconteceu um aci<strong>de</strong>nte. Estamos contaminados”.Tem a ver com a diferença também <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong> substância, se é algoque eu percebo ou se é algo, como, por exemplo, aconteceu infelizmenteaqui no Brasil, em 1987, o aci<strong>de</strong>nte com o Césio 137, em Goiânia. Houveuma alteração, essa normalida<strong>de</strong> foi alterada. Nós captamos isso poralguns órgãos dos sentidos. Se não foi, sem problema nenhum. Vou continuarda mesma forma. Se alguém que trabalha especificamente com<strong>de</strong>sastres receber essa notícia, já vamos ter outra noção, diferentemente<strong>de</strong> alguém que não teve essas informações. Consequentemente, vamoster ações diferentes. Então, nesse primeiro momento: se sim, uma construçãoimaginária, <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong> ameaça. Não necessariamente éreal, mas para isso o sujeito vai ter a parte do conhecimento, a motivação,a emoção, que vai entrar, especificamente, no momento para contribuir,para ele se informar do que está acontecendo e, a partir disso, ele vai estabeleceras metas, vai priorizar metas, vai agir, vai avaliar essa ação <strong>de</strong>le,vai ver se isso teve efeitos colaterais. Se teve, isso volta, vai ter <strong>de</strong> reformularesse planejamento. Se não, vai retornar à normalida<strong>de</strong>. Mas já digopara vocês que quem passa uma situação extrema nunca mais será omesmo, a normalida<strong>de</strong> para ele. As maiores dificulda<strong>de</strong>s como falamos, éque uma área, um tema tão abrangente envolve diversas áreas. Temos <strong>de</strong>trabalhar com áreas como Física, Engenharia, Economia, Medicina, Direito,Política, Administração, Geografia, Sociologia, <strong>Psicologia</strong> e assim pordiante. Nós po<strong>de</strong>ríamos enumerar “n” outras. A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses planosestá justamente nesse diálogo entre as áreas, porque todos, na realida<strong>de</strong>,querem ser o “pai da criança”. Ninguém quer ser o “padrinho da criança”!Então, muitas vezes, nós temos essa noção <strong>de</strong> que as coisas sedão <strong>de</strong>ssa forma. Alguns tipos <strong>de</strong> trabalhos que são feitos em <strong>Psicologia</strong>,em termos <strong>de</strong> <strong>Psicologia</strong> aplicada. Uma situação anterior a um<strong>de</strong>sastre, durante um <strong>de</strong>sastre e após um <strong>de</strong>sastre. A pesquisa básica124
fundamentalmente trabalha com a questão <strong>de</strong> a pessoa como vítima<strong>de</strong> um <strong>de</strong>sastre ou então, como coautora <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastre, ou seja, aqueleque contribui também para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>sastres. Sãonoscolocados alguns <strong>de</strong>safios. Eu tentei sistematizar isso da seguinteforma: a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar a questão <strong>de</strong> uma cultura preventiva.O primeiro <strong>de</strong>safio vai ser basicamente outro. O segundo é transitarnessas outras áreas. Nós, psicólogos, temos dificulda<strong>de</strong>, diferentementedos arquitetos, por exemplo, que têm uma i<strong>de</strong>ia. O arquitetochega lá: está aqui a minha i<strong>de</strong>ia. Nós, psicólogos, infelizmente, nãoconseguimos, na maioria das vezes, materializar. Nós somos sujeitoslimitados. O terceiro <strong>de</strong>safio vai trabalhar com esses outros paradigmas,usar outros paradigmas. Po<strong>de</strong>r ter uma flexibilida<strong>de</strong> metodológica,um planejamento estratégico. Sugiro, inclusive, o método ZOP,que é o método que trabalha com grupos, com comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> participação,uma versão, na realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> fomento inglesascom alemãs, em países em <strong>de</strong>senvolvimento. Isso há muitos anos jáfoi testado e funciona muito bem. Ele está lá trabalhando a questão.O exemplo é uma questão ambiental, mas é só você trocar o exemploe po<strong>de</strong> trabalhar tranquilamente com isso e é muito bem-aceito emtermos <strong>de</strong> metodologia.O quinto <strong>de</strong>safio seria gerenciar a crise, essa situação <strong>de</strong> crise. Osexto está ali falando especificamente por uma re<strong>de</strong> nacional, que nós,na realida<strong>de</strong>, já temos trabalhado com isso algum tempo. Daria perfeitamentepara agregar, somar a isso. Nós temos uma série <strong>de</strong> vantagensque a cida<strong>de</strong> nos oferece; no entanto, em termos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida,ela é péssima. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> estarmos aqui discutindo o queé importante fazer, os tornados já começaram! Vocês viram lá no Sul. Játemos tornados, já temos situações, eventos adversos que anteriormentenão tínhamos e o tempo urge, o tempo urge e nos coloca, como psicólogos,um <strong>de</strong>safio muito gran<strong>de</strong>.125
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