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Baixar arquivo - Conselho Federal de Psicologia

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está completamente marcado por essas relações, que estão embasadasnos valores culturais vigentes a respeito do que se valoriza, do que semenospreza ou se consi<strong>de</strong>ra <strong>de</strong> forma pejorativa em nossa socieda<strong>de</strong>.No trânsito, o ciclista é visto como um cidadão <strong>de</strong> segunda categoriae o pe<strong>de</strong>stre é consi<strong>de</strong>rado um cidadão <strong>de</strong> terceira categoria.O trânsito é pensado para os cidadãos <strong>de</strong> primeira categoria, que sãoos donos <strong>de</strong> carros, e sabemos quais são suas características. Se pensarmosem termos coletivos sobre qual é a inserção socioeconômica<strong>de</strong>ssas pessoas, veremos que os pe<strong>de</strong>stres, ciclistas e motociclistasconstituem um grupo populacional menos favorecido do que o grupodos possuidores <strong>de</strong> automóvel, muitas vezes <strong>de</strong> luxo, que fazem parte<strong>de</strong> uma classe ou um estrato social mais favorecido. Então, essas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s<strong>de</strong> inserção social estão por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong>ssas relações que seestabelecem no trânsito. Elas imprimem valores e visões <strong>de</strong> mundodiferenciadas e são esses conflitos entre esses estratos/grupos sociaisque se expressam nas relações <strong>de</strong> trânsito. No interior <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>estruturalmente <strong>de</strong>sigual, o trânsito provoca mortes, ferimentose <strong>de</strong>ixa sequelas físicas e psíquicas nas vítimas, não só nas vítimasdiretas, quando elas sobrevivem, mas também nas vítimas indiretas(seus parentes, seus amigos).Se fizéssemos um inquérito para saber quem já teve um parenteque sofreu um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trânsito grave ou que morreu por essacausa, ou se indagássemos se nós mesmos já sofremos algum aci<strong>de</strong>nte<strong>de</strong> trânsito, veríamos que isso é uma coisa muito frequente, comoobservaremos nos dados que apresento aqui. No entanto, apesar <strong>de</strong>provocar mortes evitáveis, ele não provoca a mesma indignação queobservamos em relação a outros problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Seria o caso <strong>de</strong>perguntarmos por que a morte no trânsito não nos <strong>de</strong>sperta a indignaçãocomo aquela que sentimos, por exemplo, em relação à mortepor homicídio? Por que as autorida<strong>de</strong>s e nós mesmos, como socieda<strong>de</strong>organizada em entida<strong>de</strong>s representativas, em movimentos sociais, aindanão nos mobilizamos da mesma forma como nos mobilizamos paraenfrentar, por exemplo, a Aids? Hoje em dia, temos um controle <strong>de</strong>ssadoença e ela nunca provocou o número <strong>de</strong> óbitos que os aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>175

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