mando, se acumulando como se fosse um “efeito dominó”. Essa prevenção,na realida<strong>de</strong>, é nada mais, quando vamos trabalhar com isso, tentarfazer uma antecipação cognitiva. O que é isso? Sabemos muito bem, emcognição está envolvido pensamento. É po<strong>de</strong>r prever algo que não aconteceu:que cenário é esse? quais possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ação temos disponíveis?Eu tenho que pensar nisso em nível individual também. Eu tenho<strong>de</strong> pensar em nível <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>. Eu tenho <strong>de</strong> pensar se eu vou pensaresse indivíduo, ele sozinho, esse indivíduo em dupla, esse indivíduo assistindoa uma palestra no CRP São Paulo, por exemplo. Acontece um<strong>de</strong>sastre aqui: Como que esse sujeito que vai trabalhar com programas eações tem <strong>de</strong> realmente começar a fazer essa antecipação, esse exercíciocognitivo? O outro conceito, quando nós trabalhamos com <strong>de</strong>sastres, queé fundamental é o conceito <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>, já colocado também pelacolega, mas quando eu digo assim: “Olha, eu estou vulnerável, o fulanoestá vulnerável”. Como que está essa pessoa? Essa pessoa está fragilizada,ela está vulnerável, ela não está capaz <strong>de</strong> suportar talvez esses efeitos. Eo <strong>de</strong>sastre? O <strong>de</strong>sastre nada mais é, então, do que o resultado <strong>de</strong>sse somatórioadverso natural ou provocado pelo homem sobre algum ecossistema,que é vulnerável. Esse ecossistema vulnerável, porque é diferenteum aci<strong>de</strong>nte acontecendo em São Paulo, no estado <strong>de</strong> São Paulo, umacida<strong>de</strong> lá pequenininha, lá em Cor<strong>de</strong>irópolis, próximo a Limeira, e aquiem São Paulo. São eventos, o mesmo evento, em cenários diferentes, maisfragilizados. No caso do trânsito, o que nós temos?Aqui tem algumas fotos em que po<strong>de</strong>mos ver esses participantes.São todas fotos daqui, captadas daqui <strong>de</strong> São Paulo, conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<strong>de</strong> veículos motorizados ou não, pe<strong>de</strong>stres, animais nas vias, parafins <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>, parado ou mesmo <strong>de</strong> estacionamento. Esse sistemaé regido por um sistema <strong>de</strong> normas. Nós infringimos ou não a norma.Bom-senso naturalmente é bom, mas, queira ou não queira, quandovamos ser julgados, vamos ser julgados não por possuir ou <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong>possuir bom-senso, mas sim pela ação. Então, naturalmente que a normatambém nos interessa. Afinal <strong>de</strong> contas, nós moramos em um paíslaico, nós temos aqui uma série <strong>de</strong> confrontações que temos também<strong>de</strong> levar em consi<strong>de</strong>ração, inclusive no momento <strong>de</strong> combate ou <strong>de</strong> pre-120
venção <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes. Nós temos, por exemplo, <strong>de</strong>fesa civil nacional, masela não intervém, por exemplo, na <strong>de</strong>fesa civil estadual, que é autônoma,a ponto <strong>de</strong> que nós viramos, naturalmente, muitas vezes, uma moeda<strong>de</strong> troca política. Então, o que envolve essa antecipação cognitiva? Sãoessas ações que vamos combater, ações que po<strong>de</strong>m prevenir e naturalmentevamos pensar se isso ocorrerá no nível individual, se isso vai sedar ao nível coletivo, porque as pessoas, individualmente, comportam-se<strong>de</strong> uma maneira. Quando estão em grupo, elas se comportam <strong>de</strong> outromodo. Talvez o exemplo mais ilustrativo disso sejam as torcidas <strong>de</strong> futebol.Aquelas pessoas isoladamente não fariam aquilo. Que ações estariamenvolvidas então nessa antecipação? Nós que teríamos <strong>de</strong> pensar, comotrabalhadores, ou seja, colocar-nos no lugar do outro. Antecipar cognitivamenteisso. Esse é um trabalho <strong>de</strong> psicólogo também, sim, senhor.Questão <strong>de</strong> obras públicas, código <strong>de</strong> obras, po<strong>de</strong> ser também, envolvendo,naturalmente, os engenheiros, arquitetos, planejadores urbanos. Essaparte <strong>de</strong> zoneamento urbano, legislação e regulamentação, análise <strong>de</strong>riscos e vulnerabilida<strong>de</strong>. Mas como eu consigo pensar? Eu não vou, talvez,receber na minha faculda<strong>de</strong>, disciplinas em relação a isso. Esse realmenteé um <strong>de</strong>safio. Talvez nosso primeiro <strong>de</strong>safio: ao invés <strong>de</strong> começar, em umprimeiro momento, a já trabalhar interdisciplinarmente. Isso tem umameta, é importantíssimo. Mas talvez muitos <strong>de</strong> nós tivéssemos <strong>de</strong> começara fazer o trabalho <strong>de</strong> casa, ou seja, nós não conseguimos, na maioriadas vezes conversar, dialogar com nós mesmos, <strong>de</strong>ntro da própria área.Como eu vou conseguir dialogar com um arquiteto? Como eu vou conseguirdialogar com um engenheiro? Com um advogado, que vem comoutra bagagem, muitas vezes, o mesmo conceito? Vão falar o mesmoconceito. De ambiente, por exemplo. Para um biólogo é uma coisa, paraum arquiteto é outra, para um psicólogo ainda é outra coisa e quandonós todos nos reunimos para falar sobre o ambiente, estamos falando,achando, pensando que estamos falando da mesma coisa. No entanto,nós não estamos. A maior dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar em equipe interdisciplinar/multidisciplinaré justamente o problema <strong>de</strong> comunicação. Porqueeu tenho <strong>de</strong> me apropriar também do conhecimento do outro parapo<strong>de</strong>r ter um diálogo. Caso inverso, isso não será possível. Como, então,121
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