Ata da 10ª Reunião da Sub -relatoria de Con ... - Senado Federal
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Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5059<br />
o superfaturamento mais acentuado dos seus contratos<br />
com os Correios, ou seja, nos anos <strong>de</strong> 2002 e <strong>de</strong> 2003,<br />
em que temos um forte superfaturamento, é o período<br />
em que o senhor compra mais peças <strong>de</strong> reposição, ou<br />
seja, o senhor gasta mais. Por isso que lhe perguntei<br />
se existiram nos anos <strong>de</strong> 2002 e 2003 muitas panes<br />
nos seus aviões que implicasse mais peças porque há<br />
uma coincidência: ou seus aviões quebraram mais nos<br />
anos <strong>de</strong> 2002 e 2003 ou há uma estranha coincidência<br />
entre o senhor ganhar mais dos Correios e comprar<br />
mais peças <strong>de</strong> aeronaves.<br />
O senhor saberia explicar alguma coisa sobre<br />
isso? Por que tem essa elevação <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> peças<br />
em 2002 e 2003?<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, eu não<br />
sei o porquê exatamente agora. Só sei dizer que um<br />
avião que voa para os Correios e que faz em média<br />
oito pousos e oito <strong>de</strong>colagens por dia consome uma<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> freios, <strong>de</strong> outras peças que<br />
envolve. Um conjunto <strong>de</strong> freios custa <strong>de</strong> US$15 mil a<br />
US$20 mil, um conjunto <strong>de</strong> freios <strong>de</strong> uma aeronave,<br />
<strong>de</strong>pois tem pneus.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – Existe alguma razão para os seus aviões<br />
terem freado mais nos anos <strong>de</strong> 2002 e 2003?<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, anos<br />
<strong>de</strong> 2002 e 2003...<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – Então não consigo enten<strong>de</strong>r a razão pela<br />
qual o consumo <strong>de</strong> peças aumenta.<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O consumo<br />
<strong>de</strong> peças não está vinculado ao <strong>de</strong>sgaste em si.<br />
Houve uma época em que praticamente a Skystra<strong>de</strong><br />
financiou peças para a Skymaster. Ela faturava entre<br />
180 e 360 dias. É muito usual, nos Estados Unidos,<br />
ocorrer esse tipo <strong>de</strong> faturamento e esse prazo na compra<br />
<strong>de</strong> peças <strong>de</strong> aeronave, principalmente quando vai<br />
comprar um motor, o que é muito usual. Um motor<br />
custa US$200 mil a US$300 mil, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do estágio<br />
<strong>de</strong>le. Você compra com um ano para pagar. Então, o<br />
<strong>de</strong>sembolso não quer dizer que foram consumi<strong>da</strong>s<br />
essas peças nesse período.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – Chama a atenção que seja justamente no<br />
período <strong>de</strong> superfaturamentos dos contratos, o que<br />
– é claro – reforça nossa suspeita <strong>de</strong> que, quando o<br />
senhor superfatura, o senhor man<strong>da</strong> mais dinheiro<br />
para o exterior. Percebe? Quer dizer, por que só nos<br />
anos em que o senhor está ganhando muito dinheiro<br />
nos Correios? Por que, em 2005, caiu tanto? Seus aviões<br />
estão melhores agora? Veja: em 2003, o senhor<br />
comprou R$8 milhões. Em 2005, R$764 mil. Para nós,<br />
essa sazonali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> valores só tem uma relação: o<br />
seu ganho com os Correios. Não conseguimos ver, nas<br />
outras análises que fizemos, uma justificativa para o<br />
senhor gastar tanto em peças em alguns anos e gastar<br />
tão pouquinho em outros.<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Volto a falar:<br />
o pagamento <strong>da</strong>s peças não quer dizer o <strong>de</strong>sgaste<br />
<strong>de</strong>las naquele período. Po<strong>de</strong> ter acontecido no período<br />
anterior e o <strong>de</strong>sembolso pelo pagamento <strong>de</strong>las ocorrer<br />
só nesses dois anos.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – Então, o senhor acredita ser mera coincidência<br />
essa situação?<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não mera<br />
coincidência, mas, quando eu posso pagar, quando eu<br />
tenho dinheiro para pagar, eu pago a peça. Quando<br />
eu não posso, eu negocio um prazo maior para pagar<br />
lá na frente.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – Negocia com a empresa do filho do seu<br />
sócio?<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não. Ele negocia<br />
com as empresas <strong>de</strong> Miami que são as fornecedoras<br />
<strong>de</strong>le. Se ele consegue um prazo <strong>de</strong> um ano para<br />
pagar, ele repassa esse prazo para nós no Brasil.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />
– SP) – Ele é comprador <strong>de</strong> peças lá?<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Exatamente.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – É só um comprador <strong>de</strong> peças? Ele é intermediário?<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Basicamente<br />
isso.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />
– SP) – Por que lhe interessa manter um intermediário<br />
no exterior se o senhor po<strong>de</strong> comprar as peças diretamente<br />
no exterior? Não entendi qual é a vantagem?<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Aí, sim, vou<br />
pagar três vezes mais caro.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – Por quê?<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Porque as<br />
peças principalmente <strong>da</strong>s nossas aeronaves – V. Exª<br />
po<strong>de</strong> verificar que são aeronaves antigas – não estão<br />
disponíveis no mercado. Você não chega na prateleira<br />
e diz: “Me dá essa peça e me dá aquela”.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – O senhor não precisaria montar uma empresa<br />
para isso.<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Precisa.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />
– SP) – Basta man<strong>da</strong>r um comprador para os Estados<br />
Unidos. Por que uma empresa precisa comprar para