Ata da 10ª Reunião da Sub -relatoria de Con ... - Senado Federal
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Julho <strong>de</strong> 2006 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Terça-feira 18 5025<br />
respectivas empresas, porque são sócios <strong>de</strong> fato, não<br />
<strong>de</strong> direito. Essa empresa outra, a Aeropostal, é <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> uma pessoa que tem uma trajetória que<br />
me pareceu um tanto interessante. Ele era um gerente<br />
<strong>de</strong> suprimento <strong>da</strong> Philips, sai e monta uma empresa<br />
para a qual consegue, <strong>de</strong>pois, um crédito num avião, <strong>de</strong><br />
um milhão e oitocentos mil dólares. Mais tar<strong>de</strong>, faz um<br />
leasing <strong>de</strong> dois aviões. Resolve, <strong>de</strong>pois, ven<strong>de</strong>r essa<br />
empresa para uma pessoa, segundo <strong>de</strong>claração <strong>de</strong>le<br />
à CPI, por R$100 mil. Ou seja, tinha um patrimônio <strong>de</strong><br />
US$1,8 milhão na empresa e a ven<strong>de</strong> por R$100 mil.<br />
In<strong>da</strong>gado pela razão <strong>da</strong> ven<strong>da</strong>, ele disse: “Eu tinha um<br />
problema conjugal, eu estava muito ausente <strong>de</strong> casa<br />
e queria aten<strong>de</strong>r aos meus filhos”. Assim, ele per<strong>de</strong>u<br />
quase US$2 milhões por essa situação. Foi trabalhar<br />
numa factoring e, posteriormente, voltou a trabalhar<br />
na empresa que ele ven<strong>de</strong>u, que já tinha o nome <strong>de</strong><br />
Beta. Essa pessoa trabalha na Beta durante algum<br />
tempo, sai e monta a Aeropostal, que participa <strong>de</strong>ssa<br />
licitação, curiosamente, não tendo aviões nem autorização<br />
para operar.<br />
A nossa suposição – eu queria ouvi-lo – é que,<br />
evi<strong>de</strong>ntemente, Skymaster, Beta e Aeropostal atuaram<br />
em conluio nesse pregão visivelmente, tratando-se a<br />
Aeropostal <strong>de</strong> uma empresa braço <strong>de</strong> operação <strong>de</strong>sse<br />
sistema que, obviamente, envolve relações entre a<br />
Skymaster, Beta e Aeropostal.<br />
Gostaria <strong>de</strong> ouvi-lo a respeito.<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – O que me<br />
chama atenção, Excelência, é que essa <strong>de</strong>dução feita<br />
pela CGU e pelo TCU foi...<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – Essa é nossa. Essa é uma afirmação prévia.<br />
Eu gostaria <strong>de</strong> ouvi-lo para verificar os seus argumentos<br />
para ver se conseguimos <strong>de</strong>scaracterizar<br />
essa situação.<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Acho que<br />
essas situações têm <strong>de</strong> ser analisa<strong>da</strong>s em um conjunto.<br />
Nesse pregão, doze empresas retiraram o edital, entre<br />
elas a TAM, a Varig, to<strong>da</strong>s as empresas <strong>de</strong> transporte<br />
aéreo no Brasil retiraram o pregão. Compareceram ao<br />
pregão apenas as quatro, que tinham aeronaves ou que<br />
tinham supostamente condições <strong>de</strong> participar.<br />
Foi constatado que a Aeropostal não tinha Cheta.<br />
Porém, no pregão <strong>de</strong> 2003, on<strong>de</strong> a Skymaster diminuiu<br />
o preço, participaram também a empresa Promo<strong>da</strong>l,<br />
que não tinha Cheta, não tinha a mínima condição <strong>de</strong><br />
ter Cheta, participou a TCB...<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – Promo<strong>da</strong>l é a empresa que pertenceu ao<br />
Sr. Augusto, que também tinha relações operacionais<br />
com a Skymaster...<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, nessa<br />
época, não tínhamos operação comercial nenhuma.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – Mas eram amigos. Ele mesmo fala isso<br />
em <strong>de</strong>poimento.<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Fomos amigos.<br />
Depois, não fomos mais amigos. Nessa área <strong>de</strong><br />
companhia aérea ninguém é amigo. Nós somos profissionais,<br />
somos empresas que temos <strong>de</strong> sobreviver.<br />
Então, participou a TCB, que tinha o próprio Cheta<br />
cancelado, participou a Varig Log, que não paga seus<br />
impostos em dia, que não tem certidões negativas, que<br />
não tem a mínima condição <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a prestação <strong>de</strong><br />
serviço público, porque não <strong>de</strong>volve para a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
aquilo que ela embolsa.<br />
Participou a própria Beta, que não tinha condição,<br />
o avião <strong>de</strong>la era alugado <strong>da</strong> Promo<strong>da</strong>l, que também<br />
não tinha certidões.<br />
Isso é que estranha, porque, num edital, numa<br />
concorrência, todos apresentam claramente condições<br />
<strong>de</strong> não participação no certame. E nós provamos isso,<br />
porque apresentamos documentação para a pregoeira,<br />
apresentamos documentação no recurso aos Correios,<br />
e não <strong>de</strong>ram qualquer atenção para esse problema.<br />
Quer dizer, empresas que não têm condições entram<br />
com preços pre<strong>da</strong>tórios, obrigam a Skymaster a diminuir<br />
o preço.<br />
No outro certame, é questionado que a Aeropostal<br />
não tem o Cheta. Quer dizer, o pregão já é uma<br />
mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> licitação pública que não exige a apresentação<br />
<strong>da</strong> documentação prévia.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – Perdão. Exige a apresentação <strong>da</strong> documentação,<br />
apenas a documentação é aberta numa<br />
fase posterior.<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Só <strong>da</strong> empresa<br />
que vence. Da empresa que não vence não é<br />
aberta.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />
– SP) – Claro, exatamente. Mas é apresenta<strong>da</strong>. Todos<br />
apresentam a documentação, que fica em envelopes<br />
lacrados. Os que são classificados são abertos posteriormente.<br />
É isso que permite entrarem empresas<br />
que não po<strong>de</strong>m ter a habilitação e que não preten<strong>de</strong>m<br />
ganhar a disputa.<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />
– SP) – Exatamente o que estamos afirmando aqui.<br />
Embora em leilões anteriores os editais não exigissem<br />
a Cheta, esse exigiu. Querer discutir se é necessária<br />
a Cheta ou não em outros seria discutível. Acho que<br />
seria impossível, logicamente, alguém que não po<strong>de</strong>