Ata da 10ª Reunião da Sub -relatoria de Con ... - Senado Federal
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5026 Terça-feira 18 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL – SUPLEMENTO Julho <strong>de</strong> 2006<br />
voar participar, mas o edital não era explícito. Nesse<br />
pregão, foi explícito. Portanto...<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Em todos<br />
os outros foi explícito.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />
– SP) – Portanto, a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong>ssa empresa Aeropostal<br />
era uma entra<strong>da</strong> em que seu participante sabia <strong>de</strong><br />
antemão que não ganharia. O fato <strong>de</strong> doze empresas<br />
terem comprado o edital, o senhor sabe tanto quanto<br />
eu, não quer dizer absolutamente na<strong>da</strong>. Qualquer<br />
pessoa po<strong>de</strong> comprar um edital.<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Perfeito.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />
– SP) – O que importa, em uma licitação, para configurar<br />
um eventual conluio ou não, é a entra<strong>da</strong>, o número<br />
<strong>de</strong> participantes. E são quatro. Um que apresenta uma<br />
proposta claramente inexeqüível, não do ponto <strong>de</strong> vista<br />
do superfaturamento, mas muito eleva<strong>da</strong>. E os outros<br />
três, atuando visivelmente em uma profun<strong>da</strong> relação. O<br />
que nos traz a convicção <strong>de</strong> que a presença <strong>da</strong> própria<br />
Aeropostal era para <strong>da</strong>r uma aparente disputa. Objetivamente,<br />
a Aeropostal... Há sucessivos lances, em<br />
uma disputa entre os senhores e a Beta. A Aeropostal<br />
pára no primeiro, mas há uma disputa sucessiva <strong>de</strong><br />
lances, <strong>da</strong>ndo uma aparência realmente <strong>de</strong> disputa,<br />
mas que o preço pára em um valor, segundo o Tribunal<br />
<strong>de</strong> <strong>Con</strong>tas <strong>da</strong> União, visivelmente superfaturado pelas<br />
bases <strong>de</strong> mercado. Ou seja, nossa conclusão é: havia<br />
um conluio entre os senhores. É uma pré-conclusão.<br />
Quero ouvi-lo.<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Correto.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – Havia um conluio entre os senhores. Na<strong>da</strong><br />
explicaria a presença <strong>de</strong> um ex-funcionário <strong>da</strong> Beta<br />
montando uma empresa que não tinha aviões, que não<br />
tinha Cheta (Certificado <strong>de</strong> Homologação <strong>de</strong> Empresa<br />
<strong>de</strong> Transporte Aéreo), que era exigido pelo edital,<br />
inclusive fazendo um atestado, dizendo que atendia a<br />
to<strong>da</strong>s as condições do edital, quando não atendia. Ou<br />
seja, era, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, a utilização do pregão. Como<br />
a habilitação é a posteriori <strong>da</strong> classificação, apenas<br />
para os vencedores, na perspectiva <strong>de</strong> se dizer aquilo<br />
que nós chamamos <strong>de</strong> uma competição simula<strong>da</strong>,<br />
com a conivência possível dos que fizeram o edital,<br />
porque colocaram uma cláusula restritiva, que barrava,<br />
por exemplo, empresas como a VarigLog, tão restritiva<br />
que, posteriormente, o Tribunal <strong>de</strong> <strong>Con</strong>tas <strong>da</strong> União<br />
consi<strong>de</strong>rou lesiva, ou nula. Em outras palavras, em<br />
síntese, o edital direcionava para algumas empresas.<br />
Por isso, possivelmente, muitas empresas que compravam<br />
o edital não entraram. Entraram aquelas que<br />
atendiam. E aquelas que atendiam, evi<strong>de</strong>ntemente,<br />
participavam <strong>de</strong> um clube que <strong>de</strong>finia previamente os<br />
preços e simulavam a competição.<br />
Eu gostaria que o senhor apresentasse algum<br />
tipo <strong>de</strong> afirmação que pu<strong>de</strong>sse nos infirmar nessa<br />
conclusão.<br />
O SR. JÕAO MARCOS POZZETTI – Primeiro,<br />
para ter ocorrido um conluio, <strong>de</strong>veria ter sido combinado<br />
com as outras doze que retiraram o edital. Segundo,<br />
se houvesse...<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo. PT<br />
– SP) – Não, a cláusula já restringia. Não precisava<br />
combinar. A cláusula que foi julga<strong>da</strong> pelo Tribunal <strong>de</strong><br />
<strong>Con</strong>tas ilegal, por exemplo, restringia a VarigLog...<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não. Somente<br />
em relação à Varig, não é? Somente em relação<br />
à VarigLog, mas não à Varig. A Varig S.A. não era<br />
empresa do ramo, não era concorrente dos Correios.<br />
Quem era concorrente dos Correios era a VarigLog.<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – Veja: a VarigLog... Essa cláusula restringia<br />
a VarigLog e talvez outras. Talvez existissem outras<br />
cláusulas que restringissem outras. E quem operava<br />
naquele momento era a Varig Logística, a Varig e outra<br />
não teriam por que entrar.<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Não, o...<br />
O SR. PRESIDENTE (José Eduardo Cardozo.<br />
PT – SP) – Ou seja, a coisa é bem feita. Quem mexe<br />
com licitação sabe que as pessoas que orientam o<br />
edital não são amadoras. Elas procuram no mercado<br />
exatamente o caminho que conduza a uma situação.<br />
E é claro que você sempre conduz uma licitação, o<br />
hábil condutor <strong>de</strong> uma licitação não conduz para um<br />
só. Ele conduz para alguns que estão em acordo. O<br />
que eu estou querendo verificar nesse caso é se realmente<br />
houve isto: um edital programado para que<br />
vocês ganhassem uma licitação com preços superfaturados,<br />
fun<strong>da</strong>mentalmente visando três empresas<br />
em conluio. Nós já vimos que os editais contêm certas<br />
especificações dos aviões que, pelos técnicos <strong>da</strong><br />
área inclusive, não se justificam, e que marcavam as<br />
cartas para algumas empresas, particularmente para<br />
a Skymaster e a Beta. Quando se especifica: aviões<br />
DC-8, avião tal, etc., etc., e muitas <strong>da</strong>s vezes não há<br />
nenhuma justificativa técnica para isso, a não ser a<br />
condução <strong>da</strong> licitação. É com base nisso que estamos<br />
querendo ouvi-lo.<br />
O SR. JOÃO MARCOS POZZETTI – Ok. Primeiro,<br />
se nós tivéssemos algum conluio para superfaturar o<br />
preço, ninguém ia ficar disputando <strong>de</strong>zesseis ro<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
<strong>de</strong> lance com a Beta para jogar o preço lá em baixo,<br />
para tentarmos, ca<strong>da</strong> um por si, ganhar o seu contrato.<br />
Pararia logo no primeiro lance: “Não <strong>de</strong>u, não <strong>de</strong>u,<br />
só estamos nós dois aqui, acabou o problema, vamos