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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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Antes que tudo estivesse pronto ela resolveu que ia tomar banho, experimentar a<br />

ducha e, para variar, voltou mais “naturalista” do que nunca. Confesso que me pegou meio<br />

de surpresa e não deu mais para resistir. Não fizemos nenhum ritual espírita. E com pouco<br />

mais de treze anos deixei de ser “donzelo”.<br />

Mas era algo meio estranho o nosso relacionamento. Ainda que estivéssemos juntos<br />

com muita freqüência e o pessoal da “29” tivesse achado a minha namorada gatíssima,<br />

Thalya não era de fato minha namorada. Não gastamos tempo conversando a respeito,<br />

ficou simplesmente implícito que tanto eu quanto ela não queríamos assumir nenhum<br />

compromisso sério.<br />

Que pensassem o que quisessem, nós nos considerávamos simplesmente amigos.<br />

Tudo bem que era uma amizade meio “coloridinha” mesmo, mas estava muito bom assim.<br />

Qualquer outra solução era capaz de estragar tudo!<br />

Eu não confiava nela. Se assumisse compromisso e a pegasse com outro cara era<br />

capaz de matá-la. Junto com o cara! Por isso, a gente simplesmente “ficava”. E “ficar”...<br />

era só ficar! Não queria dizer nada.<br />

Não comprometia ninguém.<br />

***<br />

Neste ínterim minha família veio a sofrer novo impacto da vida. O apartamento em<br />

que morávamos e que meu pai vinha pagando pelo financiamento de súbito teve as regras<br />

contratuais modificadas. As prestações tornaram-se escorchantes mas ao consultar-se o<br />

advogado foi descoberta uma cláusula pouco importante a princípio — mas que dava ao<br />

proprietário o direito de agir como agia. E fomos obrigados a desocupar o apartamento,<br />

perdendo todo o dinheiro já investido ali.<br />

Mais crise, mais sofrimento, mais uma mudança brusca e forçada de moradia. E<br />

mais brigas, mais confusão, mais desentendimentos em família. E mais necessidade de<br />

encontrarem-se os bodes expiatórios! Naturalmente que eu era um deles. Meu convívio<br />

familiar chegou às raias do insuportável!<br />

Apesar de tudo nós não saímos do bairro, apenas fomos para uma rua não muito<br />

distante do local primitivo. E morávamos de aluguel. Ficou um pouco longe da “29” mas<br />

aquilo não era problema para mim.<br />

Na minha nova vizinhança repetiu-se a mesma história de sempre. Parecia que para<br />

me enturmar antes tinha que haver confusão, meu espaço só era conquistado na base da<br />

violência. Se afrouxasse, passavam por cima de mim. Então, antes que acontecesse... eu<br />

passava por cima dos outros.<br />

A turma era folgada e eu mais ainda. Não esperei ter segunda vez. Na primeira

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