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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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simpático, otimista, estava sempre rindo, por vezes era até engraçado apesar de tanta<br />

diferença de idade entre nós. Eu o considerava uma pessoa muito especial e em quem<br />

passei aos poucos a confiar plenamente. Marlon fazia o papel de amigo e de pai ao mesmo<br />

tempo. Com ele definitivamente eu podia conversar sobre tudo. Não apenas sobre o que<br />

estávamos estudando nas aulas, mas sobre tudo mesmo. Ele me orientava em minhas<br />

dúvidas, me aconselhava, escutava com paciência e interesse sobre o colégio, meus amigos,<br />

Camila... tudo! Até com questões de matérias do colégio me ajudava às vezes!<br />

Nos pontos polêmicos da minha vida, mesmo que discordasse de mim,<br />

eventualmente, não me recriminava. Procurava aconselhar mas sempre deixava a decisão a<br />

meu encargo.<br />

Aquilo me surpreendia tremendamente. Parecia que ele de fato se interessava por<br />

mim, pelas minhas coisas. Me dava atenção. Me escutava. Não havia bocejos ou má<br />

vontade. Parece que Marlon também passou a me ver como um amigo a quem se apegava<br />

com carinho, respeito e interesse.<br />

Eu realmente gostava dele. Cada vez mais. Sentia-me compreendido e importante.<br />

Nunca tinha experimentado esse tipo de coisa em nenhum outro lugar!<br />

E Marlon era inteligente! Tinha uma capacidade toda especial para estimular o meu<br />

raciocínio. Eram conversas que me faziam pensar e pensar. Não era difícil estarmos<br />

falando sobre coisas corriqueiras, como preferir pão integral a pão comum quando, de<br />

repente, Marlon se calava ou perdia os olhos no vazio, mudava completamente o rumo da<br />

conversa:<br />

— Você acredita no Infinito? — Indagou-me ele certa vez.<br />

De início aquelas súbitas mudanças no tom e no teor da conversa me desnorteavam<br />

um pouco. Mas logo me acostumei. E caía de cabeça nas suas estimulações mentais e<br />

filosóficas! Marlon tornou-se aos poucos uma espécie de mentor particular.<br />

— Não é questão de acreditar ou não! Afinal, o Universo é infinito!<br />

— E você já esteve lá para comprovar isso?<br />

— Não, Marlon, mas e daí? Está provado matematicamente que é assim.<br />

— Tá, mas como podemos ter certeza? Dá prá imaginar algo sem fim?<br />

— Imaginar não dá, mas....<br />

— Será que não dizemos que o Universo é sem fim porque justamente ainda não<br />

fomos capazes de compreendê-lo?...E nem às dimensões paralelas que o compõem?<br />

Antes que eu pudesse responder, às vezes ele desviava o assunto com um<br />

comentário novamente corriqueiro, do tipo:<br />

— Legal essa sua jaqueta!

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