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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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A sensação de perceber a energia crescente de Abraxas era boa. Neste ponto, antes<br />

de cortar o meu dedo, podia parar de entoar mantras e conversar com ele em português.<br />

Conversar mesmo, dizer o que quisesse. A intimidade veio aos poucos.<br />

— Você é muito bem vindo aqui, Abraxas... — Comecei um pouco timidamente. —<br />

Estou feliz em ter sido escolhido por você, de poder ser filho do Fogo. Me sinto muito<br />

honrado, de coração! Você pode usar o meu corpo da maneira que quiser. Que bom ser<br />

filho do Fogo, porque agora o Fogo não pode me queimar. — E continuava por aí, com<br />

palavras de exaltação e boas vindas.<br />

Só que nesta ocasião eu o vi!!!<br />

No momento do brinde pronunciei as palavras mágicas, ergui a taça como de<br />

costume:<br />

— Agora você faz parte de mim! A sua energia está em mim agora. — Bebi um<br />

pouco da água — E eu a recebo!<br />

Fechei os olhos. Imediatamente senti como uma descarga de adrenalina inundandome,<br />

vinda do nada, um tremor acompanhado daquela sensação de “luta-ou-fuga”,<br />

angustiante, sufocante.<br />

Abri os olhos e vi um vulto parado, próximo da máquina de lavar. Sacudi a cabeça e<br />

pisquei os olhos. Na penumbra do porão eu tinha dúvidas do que via. Mas não pude por a<br />

culpa nas ervas, ou no incenso, porque não havia. Eu só tinha bebido água! E água não<br />

causa alucinação!<br />

O vulto era imenso, quase tocava o teto, mas Abraxas materializou-se numa forma<br />

diferente da que eu havia visto no Castelo. Parecia meio cachorro, meio lobo, estava<br />

sentado e olhando para mim, completamente imóvel, negro, negro, negro. Suas orelhas<br />

erguiam-se pontiagudas, compridas, acima da cabeça.<br />

Os olhos eram puxados como os de um gato, amarelos meio avermelhados, sem<br />

pupilas; e brilhavam muito claramente no negrume do pelo, hipnotizadores!<br />

“Será que estou mesmo vendo?”, raciocinei, espantado. Não senti medo. Murmurei<br />

de leve:<br />

— É você? Abraxas?! É você? Me dá um sinal que é você mesmo! Se for...é bem<br />

vindo! Mas se for outro qualquer... — Ergui um pouco a voz autoritariamente. — Eu peço<br />

que Abraxas expulse este outro daqui, que não é bem vindo!<br />

Ele nada falou, em momento algum, permanecendo absolutamente imóvel. Eu<br />

fiquei esperando algo acontecer. Ele olhava para mim...e eu para ele! Aquilo durou alguns<br />

segundos que pareceram eternos!<br />

Foi então que senti uma “coisa” na barriga, como se estivesse descendo uma

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