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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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engolimos a maconha. A “Barca” (viatura) tinha chegado apagada e na surdina. Nós<br />

estávamos muito chapados, foi difícil até saber o que estava acontecendo.<br />

— De cara na parede! Abre essas pernas! — Os policiais desceram e foram nos<br />

encurralando em tom ameaçador.<br />

— Pô... sujou!... — Comentamos de leve um com o outro.<br />

Eles deram uma geral e apreenderam a droga. E lá fomos nós para a sétima DP!<br />

Aliás, a sétima DP era muito conhecida, volta e meia nós estávamos lá. Ou era por causa<br />

de briga, ou era por causa de droga. E eu que só queria um pouco de paz e sossego!<br />

— Entra aí, moleque! — Levei um chute na bunda.<br />

Os outros levaram uns cascudos e ficamos todos de bico. Já sabíamos que quem<br />

falasse apanhava mais ainda. Mas não deixava de ser engraçado. Toda vez que chegávamos<br />

na sétima DP parecia que tinham despejado ali um microônibus, de tanta gente! Tudo<br />

ainda era festa naquela época apesar dos percalços que a maioria já vinha enfrentando com<br />

aquela marginalidade.<br />

Para variar era aquele delegado outra vez. Calhava de nós sempre cairmos no<br />

plantão dele. Vai ver era o dia, ou o horário. Normalmente ele tinha paciência com a<br />

gente. Falava firme mas parecia ter bom coração, dava conselhos:<br />

— Olha, rapaziada, vocês são muito jovens ainda. Este caminho não dá em nada,<br />

vocês vão acabar presos ou com uma bala na cabeça. Procurem tomar juízo!<br />

Ficávamos detidos algumas horas e depois nos liberavam. Mas nós já estávamos<br />

passando dos limites. Naquele dia o delegado tentou dar uma de mau:<br />

— Caramba, vocês de novo??! O que foi dessa vez? Não aprendem mesmo, heim?...<br />

Já falei que essa vida é curta! — E esbravejando, após saber dos nossos delitos. — Todo<br />

mundo prá cela agora! JÁ!!<br />

— Aeh, seu (...)! Bichoso!!! — Gritamos para os policiais que nos levaram “presos”.<br />

Eles nos ignoraram totalmente. — Alguém aí conta uma história! — Gritou o Júlio.<br />

Passamos a noite assim, contando histórias e jogando palitinhos. Quando amanhecesse<br />

seríamos liberados. Mas daquela vez houve um porém:<br />

— Não, não, não! — Dissera o nosso “amigo” delegado, irritadiço, na porta da cela.<br />

— Desta vez eu não libero ninguém sem o pai vir aqui! Já está virando muita palhaçada<br />

esse negócio de toda hora vir dormir na cadeia. Desta vez o pai de vocês vai levar bronca<br />

também! Estamos passando dos limites!<br />

A maioria de nós era menor de idade. O máximo que podia acontecer era alguém ir<br />

parar na FEBEM. Mas era muito fácil fugir de lá, o Bolinha mesmo já tinha fugido várias<br />

vezes! Como os policiais não podiam estar armados era quase impossível impedir os

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