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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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nunca vinha gritando ou dando bronca convencional:<br />

— Pelo visto você quer bater um pouco, não é? — E lá vinha: — Aquece a perna.<br />

E lutava comigo. Batia pesado, sem luvas de pelica. Uma vez, apesar dos protetores,<br />

vacilei e ele me acertou um chute na cara. Não senti dor propriamente dita mas um<br />

negócio quente escorrendo pelo rosto. Era sangue. Mesmo assim ele me fez continuar.<br />

Mais tarde explicou:<br />

— Se fosse uma luta real você não ia poder parar porque levou um golpe. Por isso<br />

não interrompi de pronto. Vai agora colocar um gelo nisso aí.<br />

***<br />

O SESC era um lugar agradável, um dos trunfos recém inaugurados do bairro. Eu<br />

adorava ir para lá tanto sozinho como com o pessoal da “29”.<br />

Fazia mais ou menos dois anos que eu pertencia à Gangue. Não tinha mais<br />

compaixão de ninguém. Bater se tornara um hábito, eu perdera completamente o medo e<br />

o bom senso. E no meu caso a Arte Marcial ajudava a despertar ainda mais a violência.<br />

Eu estava ficando ágil, forte, cada vez mais confiante em mim mesmo. Gostava de<br />

medir forças... e brigas para isso não faltavam. Começava a colher os primeiros frutos reais<br />

do treinamento.<br />

Infelizmente aquela história de domínio próprio, controle e “ser um Mestre” não<br />

estavam fazendo muito a minha cabeça! Não que eu não quisesse... mas era praticamente<br />

impossível! A “29” tinha inimigos em todos os lugares.<br />

E nós estávamos crescendo. O grupo já não era tão “inocente”. Aquela constante<br />

sensação de poder ia tomando conta de nós. Pensávamos que nada seria impossível e que<br />

o mundo estaria sempre ao nosso dispor.<br />

Brevemente veríamos que não era bem assim. A maioria optaria por um caminho<br />

sem volta.<br />

Naquela tarde, no SESC, eu estava com mais quatro amigos da Gangue. Sempre<br />

pintava um pessoal meio esquisito por lá. Estávamos no pavilhão principal onde também<br />

funcionava a biblioteca com suas mesas de estudo, o cinema e a exposição semanal de arte.<br />

Era bacana ficar por lá. Aconchegante! O lugar era amplo, alto, objetos esquisitos de<br />

arte e quadros estranhos estavam expostos em quase metade do pavilhão. O chão e as<br />

paredes eram de pedra, dava um ar todo diferente, e havia gente espalhada pelas mesas e<br />

sofás. Todo mundo ficava bem na sua, ninguém dava bola para ninguém e convivíamos<br />

em relativa paz.<br />

Mas o melhor era a lareira que havia no centro!

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