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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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a maior trabalheira aquela porta, não houve como empurrar a chave e meu pai teve que<br />

desmontar a fechadura.<br />

Que mancada!<br />

Mas com tudo aquilo eu fui ficando mais esperto e era cada vez mais difícil meus<br />

pais suspeitarem que eu estava na Gangue. Eu simplesmente dizia que estava na escola<br />

fazendo trabalho em grupo... ou na biblioteca... ou na casa de alguém. E continuei na<br />

minha, sem dó!<br />

Logo na primeira semana de “29” eu pude ir aos poucos conhecendo o restante da<br />

turma e também o interior da casa que eu não chegara a ver no primeiro dia.<br />

Na cozinha, local de acesso ao resto da casa, havia apenas a pia e um lampião<br />

roubado, uma espiriteira e um recipiente de vidro cheio de água que o pessoal trazia para<br />

beber. Tinha também a caixa de isopor para o gelo e as cervejas. O lampião iluminava<br />

bem. Mas no resto da casa a luz vinha de muitas lanternas e velas. A sala tinha só algumas<br />

almofadas espalhadas mas o pessoal nunca ficava muito por ali.<br />

No andar de cima havia o banheiro com meio espelho quebrado e objetos de uso<br />

pessoal. E os quartos: um quartel-general repleto de colchões dos garotos que moravam lá.<br />

Espalhados pelo chão, percebi que não somente o Bolinha e o Márcio estavam naquela<br />

condição. Havia muitos outros que compartilhavam aquela casa como uma grande família:<br />

o Nenê, o Carlinhos, o Marcos, o Águia, o Fiúza, dentre outros.<br />

Mas tudo era limpo, nada cheirava mal, não havia desordem. Até o banheiro era<br />

razoável.<br />

Geralmente o pessoal andava com roupas “da hora”, bem transadas. Volta e meia<br />

vinham contando a última:<br />

— Pois é, o cara maior trouxa, deu sopa e enquanto o Bolinha perguntava as horas<br />

eu “fiz a função”, “güentei” a carteira do goiabão na boa! Passamos na Ocean Pacific.<br />

Olha só que calça e que colete! — O Márcio sorria com os dentes muito brancos<br />

sobressaindo na pele morena, os cachinhos do cabelo pulando de lá para cá enquanto<br />

mostrava as novas peças do vestuário.<br />

— Pô, coisa fina, agora você tem que dar um rolê por aí prá mostra prás “minas”.<br />

Roupa era importante. “Minas” também. Só que havia um outro detalhe entre essas<br />

duas coisas importantes... o banho! Era claro que não havia água na casa. A turma já havia<br />

tentado encher a caixa d'água baldeando tudo em latas e baldes, mas dava trabalho demais.<br />

O banho de quem morava na “29” não era lá essa coisas. Mas no fim de semana, quando<br />

saíamos para dar uma banda, ir a festas, shows, ver e paquerar as “minas”, o banho tinha<br />

que ser mais caprichado.<br />

Então, no terminal de ônibus, dava para comprar um banho: custava pouco e eles

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