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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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Dei no pé sem esperar resposta. Lisete ficou lá na chuva e fui pedalando com<br />

resmungos. Uma oportunidade tão boa jogada fora assim!...<br />

Mas eu já tinha comigo que eu ia conhecer aquela garota. Cedo ou tarde haveria<br />

nova deixa.<br />

E de fato não demorou muito, minhas previsões estavam certas. Poucos dias depois<br />

eu estava sozinho no SESC fuçando, para variar, na biblioteca. Isso eu tinha realmente que<br />

fazer só. Ninguém da Gangue tinha paciência com os livros. Eu estava sentado num sofá e<br />

entretidíssimo com a leitura. Nem sabia o que se passava ao meu redor. De repente, sem<br />

mais nem menos, uma pancadinha no ombro vinda de alguém por trás de mim. Era ela!<br />

Passou por mim e cumprimentou:<br />

— E aí, carinha? — Andou mais alguns metros, deu uma reboladinha linda e de<br />

propósito, uma olhada por cima do ombro. Um sorrisinho maroto e infantil estampou-se<br />

no seu rosto. Difícil dizer se era só brincadeira ou se ela queria mesmo puxar papo.<br />

Eu sorri de volta, segui-a com os olhos mas não falei nada. Naquele dia ela usava<br />

uma calça de brim vermelha que achei bonita.<br />

— Bom...— O livro jazia esquecido no meu colo ainda que eu fingisse ter retomado<br />

a leitura. — Ela deu bola...— Meu sorriso alargou-se. — Bom sinal, bom sinal! — E<br />

retomei a leitura.<br />

Eu não seria tão tolo de procurá-la imediatamente. Era dar corda demais. Mas<br />

depois de um tempo fui estrategicamente colocar-me em uma poltrona bem ao lado da<br />

entrada do pavilhão. Ela teria que sair por ali em algum momento e eu poderia vê-la.<br />

Continuei a leitura. Volta e meia perscrutava o ambiente com os olhos. Lá pelas<br />

tantas, entra gente e sai gente, eu já estava cheio de tanto vai-e-vem. Enfim apareceu a<br />

menina da calça vermelha. Vinha novamente sozinha e passou apressada sem olhar na<br />

minha direção. Era hora de agir. Eu já retribuíra à altura a falta de interesse dela no dia da<br />

chuva. Por sorte estava sem mochila.<br />

Saí trotando, em passo de quem vai iniciar o cooper. Avistei-a descendo rumo à<br />

avenida lá embaixo e fui atrás. Passei por ela e imitei o gesto: dei a mesma pancadinha no<br />

seu ombro.<br />

— E aí, garotinha? — O “garotinha” foi de propósito, afinal ela me havia chamado<br />

“carinha”.<br />

Continuei no mesmo ritmo e, poucos passos adiante, tomei a mesma atitude<br />

significativa: olhei por cima do ombro e enviei-lhe um sorriso. Sem rebolar, é claro! A<br />

reação foi instantânea, ela devolveu o sorriso e rapidamente pôs-se a correr ao meu lado.<br />

— Você pensa que pode me acompanhar na corrida, é? — Indaguei sem parar.

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