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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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— Mas eu sou novo ainda. Claro que eu vou estar vivo!<br />

— Não se faça de tolo. Usando essas coisas que você usa é mais provável estar<br />

morto do que vivo. Está na hora de você largar disso!<br />

Fiquei meio quieto.<br />

— Tá bom. Eu vou tentar ir diminuindo. — E fui saindo.<br />

— Você não vai jogar fora isso aí? — Ele ainda insistiu, amigável, sem tom de<br />

exigência ou reprimenda.<br />

Me virei novamente, encarei-o sem dizer palavra por um tempo. Então balancei a<br />

cabeça negativamente. Respondi sem rodeios:<br />

— Não. Não vou jogar, não. — Mesmo que não fosse realmente consumir a droga<br />

ela me renderia algum dinheiro se passada para frente.<br />

Saí mas no caminho fui pensando lá comigo:<br />

— Caramba... ele se importou comigo.<br />

Isso era algo que quase nunca acontecia. Num impulso meio bobo dei meia volta.<br />

Ele ainda estava lá, cuidando de alguns papéis. Entrei na sala e atirei sobre a mesa os<br />

pacotinhos:<br />

— Taí. Você pode jogar fora prá mim, se quiser.<br />

Ele olhou primeiro para a mesa, depois ergueu os olhos na minha direção. Não<br />

falou nada de mais, mas para mim aquilo teve um peso indescritível:<br />

— Você está começando a se comportar como um Mestre.<br />

Não fui capaz de responder nada. Senti um aperto na garganta e com muito custo<br />

retive as lágrimas. Nem eu entendi minha reação. Acho que ele notou, mas eu não dei<br />

tempo para mais nada. Balancei a cabeça em assentimento e virei as costas, fui embora de<br />

novo. A partir daquele dia nasceu uma amizade diferente entre nós.<br />

Eu realmente fui aos poucos deixando de lado a cocaína, pelo menos antes dos<br />

treinos. Ele me convenceu de que a longo prazo aquilo não me traria benefício algum,<br />

pelo contrário. Me esforcei por seguir o seu conselho e deixei a cocaína apenas para<br />

ocasiões mais especiais.<br />

Eu continuava chegando mais cedo para treinar, mas agora ele era meu<br />

companheiro.<br />

— Professor! Aquece a perna! — Era o meu convite.<br />

Passamos a nos aquecer juntos, lutávamos, ele me dava dicas e me ajudava a<br />

aprimorar cada vez mais a técnica. E nunca me dava mole. Éramos amigos agora mas —<br />

engraçado! — o vínculo aluno-Professor estava mais mantido do que nunca. Ele tinha me

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