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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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querer o taco na traseira de alguém. As bolas começaram a voar e o quebra-quebra foi<br />

atrás.<br />

A sensação que tive foi a de ter levado uma pedrada. Mas quando fui olhar melhor o<br />

braço depois, vi que não parava de sangrar e parecia haver alguma coisa lá dentro. Era uma<br />

bala! Tive muita sorte. Primeiro porque pegou no braço, depois porque era uma<br />

bobeirinha calibre 22.<br />

Ainda que procurasse me conter em relação à arma de fogo, as demais eu usava<br />

mesmo! Faca, estilete, nunchaku, corrente, soco-inglês.....houve vezes em que enfiei o<br />

soco-inglês até mesmo no rosto dos meus adversários. Sentia aquilo entrando<br />

praticamente no osso, tinha que fazer força para puxá-lo de volta.<br />

Até chave de fenda virou arma; se fosse bem afiada na ponta era a melhor coisa se o<br />

objetivo fosse só “riscar” alguém. A corrente com cadeado também nunca dispensava.<br />

Podia decidir uma luta sem matar o adversário. E no meu caso o nunchaku revelou-se<br />

outro elemento muito eficaz. Independente de haver ou não briga, eu sempre o tinha<br />

comigo.<br />

E a faca, velha companheira, aprendi a usar sem dó desde muito cedo. De<br />

preferência na lateral do pescoço ou no abdome, girando-a antes de retirá-la do corpo,<br />

porque assim o estrago era maior. E esfaqueava mesmo. Sem alma. Sem culpa.<br />

É estranho...<br />

Relembrando hoje fica difícil dizer porque eu tinha tanta raiva! Eu tinha raiva de<br />

tudo e todos. Um olhar era o suficiente, uma palavra torta, um gesto. Às vezes nem era<br />

intencional mas desencadeava em mim uma reação totalmente fora de proporções...! Me<br />

envolvi em situações terríveis, de uma violência quase louca.<br />

E aquela sensação de “nada a perder”, que me acompanhava sempre. Viver...<br />

morrer... era quase o mesmo! Por isso não me intimidava. Era uma sensação ímpar aquela<br />

coisa de “não ter nada a perder”.....! Lembro-me que entrava em ignição uma “coisa”<br />

dentro de mim, uma fúria tão cega que eu batia, batia, batia, não parava de bater até ver<br />

meu oponente estendido no chão.<br />

Eu não era simplesmente um “sujeito esquentado”, ou, na pior das hipóteses, um<br />

“cara agressivo”. Era mais do que isso. Era até insano. Eu me tornei violento... violento de<br />

verdade! Com 17 anos as pessoas conheciam meu nome no bairro. Mas eu estava tão<br />

distante do significado daquele apelido “Catatau”!<br />

***<br />

E foi alguém assim, exatamente assim... que foi abordado por Marlon no Centro<br />

Cultural. Era até difícil de acreditar. Por que cargas d'água um homem como ele deixaria

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