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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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jeito! Logo Camila começou a fazer umas caras meio tortas quando eu avisava que ia estar<br />

com meus amigos da “29”. Ainda que ela não falasse nada e me deixasse fazer como eu<br />

queria, ficava implícito o seu desagrado.<br />

Eu tinha procurado jogar limpo mas diante daquele mau humor, simplesmente<br />

deixei de falar a verdade. E quando estava a fim de ter sossego e sair com a turma<br />

inventava uma desculpa qualquer.<br />

— Hoje tenho que ir mais cedo, vou passar na casa da minha avó.<br />

Ou então:<br />

— Preciso arrumar minhas coisas, está tudo uma bagunça!<br />

A princípio, Camila acreditava. E eu virava a noite com a turma.<br />

Numa destas ocasiões, num sábado, depois que saí da casa dela, eu queria mais era<br />

relaxar com o meu pessoal. Namorar era muito bom. Mas em doses maciças, como às<br />

vezes acontecia... era preciso descontar depois o tempo perdido!<br />

Acabei ficando na esquina de casa com os amigos que já fazia tempo que não<br />

conseguia encontrar. O Éder, o Bolinha, o Tistu, o Júlio e mais alguns que faziam parte da<br />

turma há menos tempo, o Cebola, o Risada, e mais uns três ou quatro ali do pedaço<br />

mesmo. Da “Rifânia”, uma Gangue vizinha simpatizante da “29”, estavam o Piga, o<br />

Miçuka e mais um ou dois. Em suma, quase quinze caras!<br />

O ponto em que costumávamos ficar era bem estratégico porque daquela esquina<br />

nós podíamos ter visão perfeita de mais quatro. Se pintasse rolo dava para escapar em<br />

tempo. E era ali que a gente relaxava. Com garrafas de vinho, cerveja, um bom baseado e<br />

muito papo. Às vezes nós pegávamos guardanapos de papel do bar em frente para enrolar<br />

o cigarro e era super comum ficarmos por ali até altas horas. A dona do bar nem se<br />

incomodava, até dava os guardanapos de graça.<br />

Eu não usava mais muita cocaína, era de fato muito esporádico, mas uma<br />

maconhinha não dava nem para ser considerada “droga” de verdade!<br />

Naquela noite acho que estávamos inspirados demais. Talvez porque não nos<br />

encontrávamos naquele clima de descontração há tempos. Fumamos tanto e a bagunça foi<br />

tão grande que esquecemos de vigiar as esquinas. Vai ver algum vizinho que estava cheio<br />

com a barulheira chamou “ajuda”.<br />

Na maior alegria da paróquia o Renê tocava violão, todo mundo cantava e ria numa<br />

gritaria mais ou menos, as garrafas já estavam quase vazias. Nós nem vimos nada, só<br />

escutamos o berro:<br />

— MÃO NA CABEÇA!!!<br />

E acenderam os faróis altos na nossa cara. O susto foi tão grande que quase

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