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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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vazios prontos para serem cheios! Basta saber que, para conhecer a nova linguagem, a<br />

nova cultura, a nova ciência, existe um único pré-requisito além de todos aqueles que<br />

vocês já têm: há que se matar e enterrar as velhas idéias. — E novamente ele sorriu,<br />

descontraindo um pouco o grupo. — Não se assustem, e tenham paciência! O<br />

conhecimento virá aos poucos.<br />

O sorriso e as palavras de incentivo realmente nos fizeram acomodar melhor ao<br />

redor da mesa. Os sentimentos se dividiam. Alguns estavam levemente receosos; outros,<br />

como eu, muito curiosos.<br />

— Como se começa uma longa caminhada?! — Ele mesmo respondeu, de forma<br />

simples. — Dando os primeiros passos. Se ficarmos demasiado ansiosos nos perguntando<br />

o que virá pela frente deixamos de aproveitar o passeio. O conhecimento é como esta<br />

caminhada. Vamos viajar... observando cada detalhe do caminho... cada rio, cada<br />

montanha, cada flor. Sem pressa de chegar ao fim! Se perdermos os detalhes a viagem não<br />

será tão proveitosa, haverá pouco o que recordar. Certamente vamos nos deparar com<br />

muitas oportunidades se prestarmos atenção. Não viajaremos só de dia, mas também à<br />

noite. Poderemos entrar nas cavernas, explorar o desconhecido mergulhado dentro delas.<br />

Sim...talvez haja ali mundos não revelados. Talvez descubramos seres diferentes dos que<br />

conhecemos. Vidas diferentes... porque existe vida na noite! Uma vida que não é nem<br />

inferior e nem superior à dos habitantes do dia, que não pode ser desprezada! Talvez<br />

trilhemos caminhos que não foram ainda pisados pela maioria.<br />

Zórdico de súbito cortou a divagação a respeito da viagem quando creio que a<br />

maioria jazia já embevecida e deleitada nas promessas. O magnetismo dele era ainda mais<br />

forte. Eu tinha decorado cada traço do seu rosto, da sua boca, do seu jeito de se expressar.<br />

Era difícil desviar a atenção para qualquer outra coisa. Zórdico sabia nos manter<br />

completamente entretidos. A viagem ficou no esquecimento e ele retomou a linha de<br />

raciocínio que vinha desenvolvendo antes:<br />

— Por que o padre badala o sino na hora da consagração da hóstia, o espírita<br />

acende o seu incenso, o indiano canta mantras, os indígenas se pintam, cantam e dançam,<br />

os africanos tocam seus atabaques? Dentro de cada crença ou Religião, existem ritos<br />

específicos. Os ritos traduzem uma linguagem simbólica específica que é fruto daquela<br />

cultura e espelha a realidade daquele povo. Aquilo em que se crê. Da mesma forma vocês:<br />

se vão aprender uma nova crença é claro que esta também é respaldada por rituais. Ritos!<br />

Meu coração deu um pulo. E eu que pensava que ia ficar só na teoria muito tempo!<br />

Lembrei-me da infinidade de ritos que tentei praticar e que não deram certo. Zórdico não<br />

perdia o fio da meada:<br />

— Os ritos iniciais são como que pequenas equações dentro deste novo Universo e<br />

talvez, a princípio, não venham a fazer muito sentido. Mas mais tarde a maioria de vocês<br />

estará apta a compreender os mecanismos que regem todas as coisas e a absorver a

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