19.04.2013 Views

FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— Ela tentou ser simpática, reconheço.<br />

A avó já não sabia disfarçar. Nem bem deu de cara comigo e imediatamente<br />

comecei a escutar uns cochichos pouco audíveis. A boca dela se mexia rapidamente e tudo<br />

que consegui compreender daquilo, por alto, foi uns “Jesus” prá cá e prá lá. Mas Camila<br />

logo me arrastou e só fiquei pensando no que a velha estaria fazendo. Será que se<br />

benzendo por causa da minha presença, como fazia o meu avô?<br />

Logo depois apareceu o pai dela. Seu Augusto foi de poucas palavras comigo mas<br />

procurou ser afável. Camila e eu ficamos por ali até que a mesa estivesse posta, mas ela<br />

não parecia muito à vontade. Eu, para dizer a verdade, não estava muito preocupado com<br />

o que iam pensar. Já sabia de cor e salteado tudo o que as pessoas costumavam pensar a<br />

meu respeito, essa era decididamente uma página virada em minha vida.<br />

Ninguém sabia muito bem o que conversar comigo e então eu procurei conversar<br />

com a velha que cismava em não querer tirar os olhos de mim. Me encarava sem nenhuma<br />

discrição. Achei graça.<br />

— E aí? Tudo em cima com a senhora? — Perguntei com um sorriso.<br />

— O quê??! - Respondeu a avó.<br />

— Não, Edú! Ela não entende gíria. Você tem que usar uma linguagem mais<br />

normal, e também falar mais alto! — Explicou Camila.<br />

Bati um papo-cabeça com ela até que o macarrão foi para a mesa. Todos à postos,<br />

achei aquilo legal. Era difícil recordar qual a última vez em que a minha família tinha se<br />

reunido ao redor da mesa para uma refeição em conjunto. Isso nunca acontecia!<br />

Todos servidos eu já fui bebendo um gole de refrigerante que a Camila colocou no<br />

meu copo mas, para meu espanto, percebi que ninguém tocava na comida. Ela fez um<br />

gesto de “espera um pouco” meio discreto.<br />

— Que coisa... quanto tempo será que eles vão ficar olhando para a comida??? -<br />

Pensei comigo.<br />

Então, a resposta:<br />

— Vamos orar. — Fez Seu Augusto.<br />

Foi esquisito na hora mas depois, pensando melhor, achei um gesto até bonito. Eu<br />

nunca tinha visto ninguém fazer isso, agradecer pela comida. O almoço foi agradável e eu<br />

comi sem a menor cerimônia. Repeti várias vezes. Depois o pai dela foi para a cozinha e<br />

ele mesmo fez um cafezinho e serviu.<br />

Depois do almoço Camila me levou ao quintal para conhecer os cachorros. Eram<br />

três dobermanns. Eu quis fazer amizade com eles, dei ração, conversei, e por fim fui<br />

aceito. Aí fiquei o maior tempo brincando, jogando longe varetinhas para eles pegarem. A

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!