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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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cachimbo, sussurrou: — Quando eu estiver perto você vai sentir este cheiro.<br />

Ela sorria de leve e eu procurei enxergá-la bem nos olhos.<br />

— E o que é que você quer em troca?— Eu já estava bem ciente de que nada é de<br />

graça neste mundo (e talvez até fora dele!).<br />

— Bom... — Fez a Pretinha. — De vez em quando você põe uma garrafa de pinga<br />

prá mim embaixo de uma árvore. Também serve matar uma galinha e oferecer na<br />

encruzilhada, tá bom?<br />

Pensei intimamente: “'Galinha, nem pensar.. .mas pinga até vá lá!”<br />

Naquela noite eu saí da sessão empolgado ainda que questionasse um pouco:<br />

— E espírito lá bebe pinga...? E ainda mais espírito de criança! Cada bobagem!!<br />

Mas quem sabe eu estaria realmente acompanhado? Será que o Poltergeist estava<br />

mesmo comigo?! Seria tremendo! Minha cabeça já rodopiava pensando em mil e<br />

umas...mil e umas!!!<br />

Não agüentei esperar. Catei o patuá dentro do bolso:<br />

— Pretinha! Pretinha?! — Chamei com os olhos bem abertos e o nariz empinado,<br />

farejando um eventual cheiro de cachimbo. — Pretinha, você está aí?<br />

Para meu desapontamento e surpresa, nada aconteceu. Chamei mais algumas vezes e<br />

nada!<br />

— Eu sabia... — Desabafei, chutando uma lata. — Bela roubada! Isso não serve<br />

para nada!<br />

Depois de alguns dias e várias tentativas frustradas, joguei fora a droga do patuá e<br />

acabei cansando de ir ao Centro. Sempre a mesma coisa! Mas se minha curiosidade havia<br />

de amainar um pouco depois da decepção... que nada! Ela permanecia insistentemente<br />

acesa como fogueira que não se apaga, sempre crepitando, pedindo mais lenha, mais lenha,<br />

mais lenha. E eu tratava de obedecer.<br />

Estudei tudo que encontrei sobre pequenos rituais de invocação de espíritos e casas<br />

mal-assombradas. Na Escócia - acreditem ou não! - as casas consideradas assombradas<br />

eram mais caras do que as demais. Era um sinal de “ibope” ter o seu fantasma particular.<br />

E eu queria porque queria ter o meu!<br />

Separei os rituais de invocação de espíritos que me pareceram mais fidedignos. A<br />

maioria parecia um monte de bobeiras. Outros, não havia como arrumar todo o material.<br />

Mas o que dava para fazer, fui fazendo. Teve uma certa vez que até copiei do livro as<br />

palavras para dizer durante a sessão. O autor garantia que estavam escritas conforme se<br />

pronunciavam. Parecia um encantamento de verdade e eu resolvi experimentar. Só que<br />

nunca dava nada certo! E nem sinal dos espíritos.

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