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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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Naturalmente que progredi a olhos vistos. Logo o Ageu passou a me elogiar diante<br />

dos demais. Primeiro comentou o efeito dos exercícios sobre o corpo e a musculatura.<br />

Depois, à medida que o tempo passava, começou também a elogiar a destreza da técnica.<br />

Eu era mesmo muito esforçado. Incapaz de voltar no sábado seguinte sem ter<br />

treinado exaustivamente tudo quanto fôra dado no anterior. Da mesma forma eu não saía<br />

da aula sem todas as dúvidas resolvidas. Mestre Ageu costumava nos exortar:<br />

— Você pode levar 10 minutos para adquirir um vício e um ano para tirar!<br />

Logo deixei a turma para trás. Ele foi muito jóia comigo porque me adiantava em<br />

técnica individualmente, na medida do meu ritmo. Certa ocasião, durante o treino, Ageu<br />

bateu no meu ombro com um gesto amigável:<br />

— Admito que em matéria de nunchaku você está ficando melhor do que eu!<br />

De fato eu tinha uma fixação toda especial com aquela arma. Não saía mais de casa<br />

sem ele e com o tempo eu iria me tornar um exímio manejador. Ao lado da faca e do<br />

revólver, o nunchaku agora fazia parte do meu arsenal diário de armas. Ainda usava a<br />

corrente também, se se fizesse necessário.<br />

Naquela época entrou uma nova modalidade de Kung Fu na Academia, o Union<br />

First, com outro Professor, um sujeito super-jóia chamado Péricles. E eu passei a treinar<br />

também com ele durante a semana. O Union First era um estilo completamente diferente<br />

daquilo que eu estava acostumado a praticar no Wing Chun. Era peculiar: uma mescla de 9<br />

estilos de animais, dragão, macaco, urso, cavalo, águia, tigre, garça, serpente e grou.<br />

Quem trouxe o estilo ao Brasil foi um Mestre chinês de nome Machon Yung, um<br />

sujeito muito considerado pela comunidade chinesa. Ficamos sabendo que o próprio<br />

Péricles era discípulo do Mestre Yung e treinava no Centro Social Chinês, lá na Liberdade.<br />

A prática do Union First me abriu os horizontes tremendamente. Melhorou minha<br />

criatividade e a visão das potencialidades do Kung Fu; ganhei em agilidade, destreza e<br />

flexibilidade. Comecei a me envolver com um Kung Fu bem mais acrobático. O Wing<br />

Chun tinha sido criado por Nig Mui, uma monja do lendário Templo Shaolin. Era seco e<br />

direto, muito agressivo, mas sem tanta beleza. Já os estilos de animais, característica<br />

clássica do Kung Fu, eram belíssimos.<br />

Comecei a descobrir não só a potência dos chutes altos e dos chutes de giro (coisas<br />

que no Wing Chun eram absolutamente impensáveis), mas também diferenças tremendas<br />

em relação aos dedos e ao que eu podia fazer com as mãos. No Wing Chun o ataque<br />

limita-se aos golpes de mão fechada e à palmada. Mas comecei a ver que havia muito mais<br />

que isso, aprendi que os movimentos em garra, por exemplo, eram muito eficazes.<br />

As torções do Union First também tinham seu brilho para mim, eram divididas em<br />

7 módulos de 7 torções e sua principal característica era a capacidade de causar fraturas

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