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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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Me pegou tão de surpresa que fiquei mudo. Achei que eu não tinha entendido muito<br />

bem. Fiquei olhando de olhos muito abertos para ele.<br />

— Quer ver como é?<br />

Eu continuava sem fala até que alguém gritou de outra mesa:<br />

— O, Tucano, enfia esse negócio aí no Fred!<br />

Sem hesitar o Tucano esqueceu de mim e pegou a argila esculpida. O Fred estava de<br />

costas, debruçado ao lado de um grupo de meninas, do outro lado da sala. E sem a menor<br />

cerimônia Tucano amassou a tal da rola no traseiro dele.<br />

O Fred nem quis saber quem foi. Virou para trás que nem um boi bravo e enfiou a<br />

mão na lata do Tucano que, sinceramente, acho que não esperava o revide tão em cima!<br />

Engalfinhados, os dois rolaram pelo chão; cadeiras caíam e a turma já formava um cerco<br />

em volta, com gritos de disputa por um ou por outro. Pelo visto aquilo era o supra-sumo<br />

do divertimento.<br />

Confesso: eu estava trêmulo e nem conseguia sair do lugar. Meio atrás dos demais<br />

pude vislumbrar a cara do Tucano que já brotava sangue. Nunca havia visto uma briga ao<br />

vivo!!! Meus joelhos tremiam e apoiei sem querer a mão sobre minha própria argila,<br />

destruindo minha escultura. Tudo bem, eu não sabia mesmo o que estava modelando.<br />

Para terminar aquela gloriosa manhã e a estréia na nova escola meu avental ainda foi<br />

batizado com várias solas de sapato. Meus colegas decididamente tinham ido com a minha<br />

cara!<br />

— Meu Deus do Céu...! Não gostei muito dessa escola...<br />

Daí para frente eu tive que me adaptar. Canetas... levava só uma. E nada de arrumar<br />

a carteira! Os lanches... não tinha jeito: quantos eu levasse, quantos me roubavam. Aliás<br />

eles roubavam tudo o que interessasse a eles. Aprendi que dinheiro eu só podia levar<br />

dentro da meia.<br />

— Êh, pivete, me vê aí uns mangos para a cantina! — O Juca me abordou no pátio.<br />

Mascava goma e sua cara não era das melhores. Na cabeça o mesmo gorrinho de sempre.<br />

— Eu não tenho dinheiro.<br />

— Larga mão! Manda aí a grana!<br />

— Já te disse que não tenho!<br />

— Pois eu vou te dar uma geral! E se eu encontrar te encho de porrada além de ficar<br />

com o picho!<br />

Fiquei quieto enquanto ele me revistava. Foi fácil achar o lanche, ele me deu um<br />

“cróc” na cabeça e tomou meu sanduíche. Era sempre assim. Na verdade eu não tinha

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