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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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Em cinema era outro problema. Parecia sina, mas perto de nós sempre tinha aquele<br />

tipo de gente que não pretende calar a boca. Eu tentava me controlar ao máximo, mas de<br />

repente acabava estourando de uma vez. Um dia catei um rapazola pelo cabelo e encostei<br />

o canivete aberto na garganta dele.<br />

— Cala essa boca senão você volta furado para casa! — E dei-lhe um safanão tão<br />

grande que ele voou de cara no banco da frente e ficou mudo. O resto do bandinho<br />

irrequieto que estava com ele também. Depois de alguns minutos sorrateiramente foram<br />

sentar-se lá na frente.<br />

Restaurante às vezes também era um problema. Uma vez fui com Camila jantar num<br />

lugar bastante agradável, bem freqüentado, familiar. Mas o garçom não nos deu a atenção<br />

que merecíamos para um lugar como aquele. Reparou que eu era um garoto cabeludo e<br />

mal vestido, e normalmente as pessoas julgam pela aparência.<br />

Eu não queria encrencar, de verdade! Deixei passar o pouco caso do garçom porque<br />

estava de muito bom humor. Aquela grana tinha vindo muito fácil. Eu, o Éder e o Márcio<br />

assaltamos um “veadinho” que mexeu com a gente no ponto de ônibus. Ele vinha num<br />

tremendo cairão e vimos na hora que o cara tinha dinheiro à rodo. Eu e meus amigos<br />

trocamos uns olhares rápidos e entramos no carro dele, aparentemente dispostos a tomar<br />

o chopinho que nos foi oferecido. Foi questão de minutos e o Éder encostou o cano na<br />

cabeça dele. Realmente ele tinha grana. Deu uma boa quantia para cada um.<br />

Eu e Camila comemos muito bem e gastamos uma nota no jantar.<br />

Quando veio a conta observei que haviam sido cobrados dois “couverts”. Só que na<br />

mesa ao lado um senhor sozinho recebera a mesmíssima quantidade de “couvert”. Logo<br />

não havíamos consumido dois, mas um apenas. Apesar da cara de ovo do garçom que nos<br />

atendera, paguei sem questionar os muito pouco merecidos dez por cento. Mas só um<br />

“couvert”.<br />

Levantamos e fomos saindo quando o garçom veio todo apressado atrás de nós.<br />

— Você esqueceu de pagar um “couvert”! — Veio dizendo sem maiores<br />

preâmbulos.<br />

— Não esqueci, não. — Respondi. — A quantidade servida foi idêntica à da mesa<br />

ao lado, que só tinha uma pessoa. Portanto, pago pelo que comi. Vocês só serviram um,<br />

pago só um!<br />

O gerente já veio se aproximando e questionando no mesmo tom estúpido. Então<br />

me enfezei. Arranquei a pastinha aonde estava o meu dinheiro da mão do garçom:<br />

— Pois agora não só não pago o “couvert”, como também não pago dez por cento.<br />

Isso não é maneira de tratar um freguês, eu já fui mal atendido que chegue neste lugar! —<br />

Retruquei já elevando o tom de voz e retirando a quantia correspondente aos dez por

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