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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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Volta e meia eu olhava para os garotos do F.B.I e fiz sinal de “na saída, na saída!”.<br />

Eles responderam com um gesto feio e caras injuriadas.<br />

Logo depois fui provocar o Paulo. Eu me lembrava muito bem do cabelo que ele<br />

tinha cortado. E da ponta de tesoura que ele espetou no meu pescoço. O apelido dele era<br />

Paulo Cabecinha, porque a cabeça dele era muito pequena. Gritei de longe, para todo<br />

mundo ouvir:<br />

— Aêh ! O, Paulo Cabecinha! Sabia que a cabeça do meu (...) é maior do que a sua<br />

cabeça???!!<br />

Ele não acreditou! Quando a ficha caiu, me fuzilou com os olhos de assassino:<br />

— Eu vou te encher de porrada! — Olhou ao redor, sabia que não podia fazer nada<br />

ainda. Mas me ameaçou feio: — Vou te enfiar a faca!!! — E daí para baixo. — Na saída<br />

você tá morto!<br />

Uns e outros riam de mim, apontando e cochichando, comentando que eu deveria<br />

ter endoidecido. Mas incrivelmente eu não tinha medo! Parece que tinha me subido um<br />

espírito de valentia até então desconhecido. E eu continuei provocando todo mundo.<br />

Durante o intervalo eu sabia que não ia demorar para alguém comer o meu lanche.<br />

Fiquei com o sanduíche bem exposto, mordendo bem devagarzinho, só esperando. Não<br />

demorou muito e apareceu um cara de outra turma que vivia ficando com a minha comida<br />

no mínimo três vezes por semana.<br />

— E aí, cara? - Ele tinha um sotaque meio porto-riquenho. — Lanche de quê hoje,<br />

hein? - Ele veio gingando e esticando o pescoço como se pudesse farejar. Mais que<br />

depressa eu respondi:<br />

— Ah, não! Hoje este lanche não é para você, não!<br />

— Qualé, meu? Tá me estranhando, é?! — Respondeu ele com a fala carregada de<br />

gíria. — Você vai rodar na minha mão se não me der isso aí agora, moleque! — Avançou<br />

para mim já querendo arrancar-me o sanduíche das mãos.<br />

Com agilidade me desvencilhei e, sem dó, atolei o pão num enorme formigueiro que<br />

crescia na grama.<br />

— Taí!!! Hoje o lanche é para as formigas! — E acintosamente: — Elas merecem<br />

mais do que você !<br />

Ele ficou furioso. Não quis conversa e já fechou o punho, querendo me agarrar pela<br />

camisa. Eu voei para a secretaria com ele no meu encalço. Se não tivesse sido mais ligeiro<br />

teria apanhado ali mesmo e era capaz de terminar com a cara enfiada também no<br />

formigueiro. Mais uma vez fui ameaçado sem piedade. Naturalmente, a hora da vingança...<br />

era a hora da saída !

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