19.04.2013 Views

FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

— Não, não quero, não! Vou assim mesmo.<br />

— Bom......não sei, né?<br />

— Você acha que seus pais vão falar alguma coisa?<br />

Camila parecia ponderar a situação:<br />

— Não é isso. É que você está com essa camisa regata... depois tem também minha<br />

avó, sabe como é que é!<br />

Na época não era lá a coisa mais comum do mundo, era uma moda meio “avant<br />

garde”, coisas que só o pessoal da “29” e afins usava. Bom... eu usava. E não estava nem<br />

aí.<br />

— Ah, mas tudo bem, vá! — Falei. — É só hoje. Depois, eu sou só seu amigo!<br />

Ela concordou. E fomos.<br />

Volta e meia Camila ainda me media um pouco de alto a baixo, punha a mão na<br />

testa, antevendo a reação da família. Ela estava acostumada comigo, mas eles muito<br />

provavelmente me achariam um ser completamente fora de bitola.<br />

Minha calça jeans estava toda rabiscada com desenhos que eu mesmo fazia. (Era<br />

mesmo uma calça da hora!). A camisa tinha tido as mangas arrancadas e estava cheia de<br />

cortes feitos com estilete, tanto na parte da frente como na de trás. Nos braços eu andava<br />

com umas cordinhas cheias de conchinhas e o inseparável bracelete de “heavy metal” ia do<br />

punho até quase o cotovelo. No pescoço levava sempre umas quatro ou cinco<br />

medalhinhas penduradas, como aquelas de exército.<br />

De quebra, naquele dia eu vestia uma jaqueta de motoqueiro de couro legítimo que<br />

tinha roubado não fazia muito tempo. Ela era um pouco maior do que deveria, mas eu a<br />

adorava de qualquer jeito, ainda mais toda cravejada dos meus broches caseiros. Ficava<br />

grandona. Era o máximo em termos de vestuário.<br />

Minhas mãos também não eram nada apresentáveis porque eu vinha treinando<br />

demais no saco de pancada. Isto fizera com que eu criasse enormes e horríveis calos pretos<br />

em todos os nós dos meus dedos.<br />

Fui com a cabeça para fora da janela do ônibus para ver se o vento forte deixava<br />

meu cabelo um pouco mais assentado. Camila dava risada mas eu via que estava um<br />

pouquinho tensa.<br />

E lá fui eu conhecer a família de crentes!!! Em casa de Camila só estavam a mãe e a<br />

avó naquele horário.<br />

— Mãe, este é o Edú! — Apresentou-me Camila. Dona Carmem ficou visivelmente<br />

chocada com o “amigo” da filha, mas tentava a todo custo dar um ar descontraído ao<br />

rosto. — Boa tarde, muito prazer. Vamos entrando! Ah, ah, ah, que bom que você veio...

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!