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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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Mesmo porque, volta e meia escutava de orelhada uns cochichos aqui e ali sobre os<br />

“caras mais velhos” que faziam Faculdade. A Faculdade funcionava ali do lado mesmo, e<br />

os tais “gatos” parece que eram sempre motivo de muito assunto. Eu não entendia aquela<br />

bobagem toda, aquela vida de olhares e amores platônicos com a tal turma da Faculdade.<br />

Naturalmente que eu me manquei. Passou o primeiro ano, veio o segundo.<br />

Com a convivência diária eu e Camila aos poucos tornamo-nos bons amigos. Na<br />

classe. Eu lhe dava sincera atenção, conversava, procurava ser respeitoso no falar. Mas não<br />

que eu tivesse por Camila algum sentimento muito mais forte, algo capaz de me fazer<br />

tomar uma atitude.<br />

Tinha muita mulher sobrando, não era preciso esforço nenhum, não faltava. Elas<br />

estavam em todos os cantos, correndo atrás da gente. Até Thalya, que a princípio tinha<br />

parecido uma conquista tão improvável... que dizer então das outras? Na maioria das vezes<br />

era a velha e conhecida história, elas estavam a fim de tirar uma lasquinha. Eu tirava<br />

também, se desse vontade.<br />

Camila que continuasse vivendo fantasias de cinema junto com sua amiga<br />

inseparável, uma menina maldosamente apelidada de “A Estranha”. Eu vivia a vida real,<br />

do lado de cá da tela!<br />

E íamos convivendo, apenas. Nossos mundos eram muito diferentes.<br />

Havia muitos trabalhos em grupo no laboratório, e eu e Camila sempre caíamos<br />

juntos por causa das iniciais próximas de nossos nomes. Ela teve tempo de sobra para<br />

acostumar-se comigo e com meu jeito de ser. E logo percebeu que apesar de minha<br />

aparência deplorável eu conseguia ir bem melhor do que ela nas matérias.<br />

Camila não queria correr nenhum risco de ficar sem o diploma. Então, durante as<br />

experiências sempre se aboletava perto de mim. Como ela era atrapalhadinha! Sempre<br />

acabava quebrando alguma coisa. Se voasse longe um beker ou uma pipeta a chance de ter<br />

sido ela era bem grande.<br />

As suas experiências às vezes não davam certo. Camila acabava vindo xeretar nas<br />

minhas para poder escrever os trabalhos. E não ficava só nisso. Sempre me pedia ajuda<br />

para resolver os exercícios, me trazia as suas dúvidas dos deveres de casa.<br />

Por causa das suas deficiências acabamos nos acostumando a estudar juntos para as<br />

provas. Eu não me importava em ajudá-la, as matérias sempre me pareciam fáceis. Às<br />

vezes estudávamos só nós, (junto com a “Estranha”), outras vezes com mais colegas.<br />

Certa ocasião descobri umas coisas sobre a Camila que não consegui digerir muito<br />

bem. Eu estava morrendo de rir, quase caindo da cadeira com os comentários de um<br />

Professor de física que nós tínhamos, e que era ateu.<br />

— ...e essa história da Igreja impor “Adão e Eva” é o maior absurdo que eu já ouvi!

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