19.04.2013 Views

FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— Esta é uma vida bandida, marginal! — Repetia meu pai à toda hora. - Vocês têm<br />

que parar com essa história de roubo, de bagunça, de sujeira! O caminho disso é a morte!<br />

E esta coisa de droga?!!!<br />

— É! — Retruquei, por fim. — Mas você também bebe. Droga por droga, o álcool<br />

também é droga!<br />

O Cebola assentia com a cabeça. Meu pai deu um berro quase fuzilando-me:<br />

— Mas a minha droga pode!!!!!— E continuou esbravejando: — No dia em que<br />

legalizarem a maconha, a cocaína e o raio que o parta você usa quanto quiser! Pára de<br />

querer se justificar!!!<br />

Não adiantava discutir. Era um troço complicado tudo aquilo. De quê refrescava um<br />

sermão daqueles??? Nenhum de nós tinha como voltar atrás agora. Só conhecíamos aquela<br />

vida. Certo ou errado, era o que era; ninguém muda do dia para a noite, pelo menos não<br />

sem um bom motivo! Às vezes eu tinha aquela sensação estranha, como se realmente não<br />

fosse durar muito, como se a minha vida estivesse por um fio!....<br />

O melhor era não ligar! Escutei até em casa, sem responder. Subi, tomei um bom<br />

banho e só avisei:<br />

— Vou encontrar a turma! — E me mandei para a rua de novo. Já tinha mesmo<br />

perdido a escola e o treino. Perdido por um, perdido por mil. Ia terminar de aproveitar.<br />

***<br />

Eu estava no final dos meus 16 anos e um fato era inegável: eu e a turma da Gangue<br />

estávamos cada vez mais em ponto de bala. Nós tínhamos que descarregar o que ia por<br />

dentro de qualquer jeito. Era uma necessidade evidente. Estávamos cada vez piores!<br />

Uma outra ocasião fomos à casa do Éder escutar um disco de funk, um negócio da<br />

hora. Foi uma zona total! Bebemos fumamos, nos drogamos e por fim saímos de lá<br />

doidões, enlouquecidos.<br />

— Vamos bater na turma da rua Maipim? — Propôs o Bolinha pingando colírio nos<br />

olhos e passando o frasquinho adiante (o colírio tirava a vermelhidão deles).<br />

Todo mundo topou. Aquela turma vivia jogando bola ali na rua. Não sei bem quem<br />

começou com aquela história, mas volta e meia nós aparecíamos por lá, espancávamos<br />

todo mundo e não tinha mais jogo. Os caras ficaram tão calejados que bastava um de nós<br />

aparecer e eles já fugiam espavoridos.<br />

Depois da visita à Maipim, que não foi lá essas coisas a noite vinha caindo mas nós<br />

estávamos ainda excessivamente acesos, precisando explodir. Por para fora tudo o que<br />

estava dentro da alma e que nós nem nos dávamos conta.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!