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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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Eles também não tinham pensado se era covardia o que eles tinham feito comigo, todos<br />

eles contra mim! A justiça, boa ou má, estava feita. E pelas nossas próprias mãos. O que a<br />

Gangue fizera por mim era algo que nunca tinha recebido de ninguém. Não havia o que<br />

questionar. Aquilo era o que eles tinham de melhor! E quem dá o melhor não deve ser<br />

condenado.<br />

Nem fui para casa naquele dia, e nem dei satisfação. Aquele era o primeiro de uma<br />

seqüência de dias que se seguiriam a partir de então. Era só o começo! Fomos direto para<br />

a “29” e depois que o meu susto passou, pude comemorar com eles mais aquele Pau.<br />

Aquela palavra começava a fazer sentido...<br />

Passamos a tarde toda comentando da briga, comendo, conversando, brincando e<br />

bebendo. Eu nunca havia realmente bebido, a não ser na noite anterior, mas tinha sido<br />

sozinho e para conciliar o sono, não tinha graça. Aquela foi a primeira vez que aceitei<br />

realmente beber de verdade. Mas não quis fumar. Nem cigarro normal, nem cigarro<br />

esperto.<br />

Agradeci muito o que tinham feito e comecei a perceber que aquele negócio de<br />

honra e compromisso um com o outro era sério de verdade! Aquilo me aproximou deles<br />

muito mais do que eu pude perceber na época. A partir daquele momento, em pouco<br />

tempo minha família seria a Gangue.<br />

***<br />

Capítulo III<br />

No dia seguinte, na escola, o pessoal estava todo estourado, roxo, com olhos e<br />

bocas inchadas. Ninguém arriscou falar nada! Ou melhor, quase nada: falaram “Bom dia”<br />

com toda educação do mundo, não pude acreditar!!!! E ficaram quietinhos, na deles.<br />

A história da briga tinha tido uma repercussão impressionante. Ainda que eu<br />

próprio não o soubesse a maioria já tinha ouvido contar sobre a “29”, que era conhecida e<br />

temida no bairro. Todos sabiam que era barra pesada.<br />

A partir daí minha fama cresceu vertiginosamente, primeiro na classe e depois na<br />

escola inteira. Até meu apelido de Gangue ficou conhecido. Eu já não era o trouxa, o<br />

idiota, o “Sabidinho”, o bode expiatório de todos. Agora todos sabiam que eu era o<br />

“Catatau da 29”!<br />

Depois disso todos resolveram que queriam ser meus amigos. Tentavam<br />

aproximação, inclusive os premiados com a vingança. Estes, principalmente, tão logo a<br />

dor dos machucados amainou passaram sutilmente a vir atrás de mim. Mas eu não tive<br />

pena nem clemência, não consenti naquela amizade interesseira. Os papéis começaram,<br />

então, a inverter-se. A eminente fama e a certeza de saber-me protegido pelos meus

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