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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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dizer que de fato a morte é necessária e, diante disso, convido-os... a morrer! — Ele parou,<br />

enquanto absorvia os olhares inquiridores do grupo. — Morrer! É o que digo. —Repetiu<br />

com seriedade. — Sim, mas não fisicamente. Não agora, pelo menos. Mas convido-os a<br />

morrer para nossas idéias prévias, nossos pensamentos, nossas doutrinas, nossa razão.<br />

Vamos enterrar tudo. Matem sua educação... sua vontade... suas idéias...seus<br />

conhecimentos! — Fez novamente uma pausa longa, como que aguardando que<br />

mentalmente nos dispuséssemos àquilo. — E, agora, proponho-lhes algo novo. Um novo<br />

nascimento. Um nascimento para um novo contexto, uma nova realidade. Como já dizia o<br />

antigo provérbio chinês...”Se você quer beber do meu chá, antes tem que esvaziar a sua<br />

xícara”. Eu não estou questionando se as crenças antigas são verdadeiras ou falsas. Apenas<br />

proponho que, durante um tempo, vocês abram espaço para as novas. Em pouco tempo<br />

poderão julgar por si mesmos se vale a pena ficar com as novas... ou retomar as velhas!<br />

Zórdico aguçava a nossa curiosidade, a minha pelo menos, mas o grupo parecia<br />

pouco confortável nas cadeiras diante da proposta. Cada um esperava que o outro abrisse<br />

a boca primeiro. Olhei com o rabo-do-olho para Marlon, que parecia muito sereno e<br />

observava com o queixo apoiado no punho, mantendo um ar neutro e bastante sério.<br />

Fiquei na minha. Ou seja, quieto.<br />

— Estão prontos para o novo nascimento? — Indagou Zórdico.<br />

— Você poderia falar um pouco mais a respeito desta morte? Ser mais específico...?<br />

— Perguntou uma mulher de blusa vermelha.<br />

— Não. — Respondeu Zórdico com moderação, mas firmeza. — Trata-se aqui<br />

apenas de uma introdução, nada mais. Uma preliminar. É necessário receber o alimento<br />

fragmentado. Não há como colocar uma refeição completa diante deste grupo, vocês não<br />

têm qualquer base ainda. Não estão aptos para digerir nada mais profundo. É o mesmo<br />

que tentar explicar para um pré-escolar uma equação de segundo grau. Contentem-se por<br />

hora com a proposta inicial, isto é: o convite ao conhecimento. Quando você recebe um<br />

convite à uma festa não pode saber de antemão se será boa ou não; pode supor, claro,<br />

dependendo de quem o convida. Mas é você quem escolhe ir à festa divertir-se, ou ficar<br />

em casa. Compreendem? Estamos começando o processo de enterrar velhas idéias e<br />

renascer para as novas. Ora, aquele que acaba de nascer é criança e como tal deve ser<br />

alimentado.<br />

A mulher de blusa vermelha pareceu compreender e ficou calada.<br />

— Antes de entrar em grandes teorias é preciso lançar um alicerce firme, estabelecer<br />

as bases desta nova linguagem. Vocês têm que ser alfabetizados novamente, como crianças<br />

recém nascidas! A linguagem sempre é o espelho de uma cultura, de uma forma de pensar,<br />

não é assim? Esta linguagem que vocês vão aprender vai expressar a nova cultura da qual<br />

vocês farão parte. A linguagem é diferente simplesmente porque espelha uma realidade<br />

diferente. Estão animados? — Zórdico olhava para nós. — Vocês são como recipientes

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