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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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Eu continuava boquiaberto. Os dois rapazes andavam ao redor do caldeirão a uma<br />

certa distância. E também faziam gestos estranhos e entoavam mantras.<br />

Aquilo perdurou por um tempo, sempre do mesmo jeito à medida que os<br />

ingredientes iam sendo colocados no caldeirão e remexidos lá dentro. Eram bruxos de<br />

verdade, em plena atividade!<br />

O Sumo-Sacerdote e os outros Sacerdotes permaneceram todo o tempo parados e<br />

sem olhar para o que acontecia em torno do caldeirão. Não parecia despertar-lhes o menor<br />

interesse. E o Sacerdote de olhos cinzentos que nos recebera ficou todo o tempo diante de<br />

nós, em pé e com os braços estendidos em direção às nossas cabeças, falando palavras<br />

estranhas. Que esquisito!!!<br />

Por fim a mulher que punha os ingredientes tomou uma jarra e despejou um pouco<br />

do seu líquido dentro do caldeirão. Parecia que havia acabado seu trabalho. Tudo deve ter<br />

durado pouco menos de uma hora. Mais tarde eu vim a saber que as mulheres são muito<br />

bem vistas dentro do contexto do Satanismo e da Irmandade. Pois foi a mulher que teve a<br />

sabedoria de comer do fruto proibido e, cheia de poder de sedução, ofereceu-o também ao<br />

homem.<br />

De repente a música deu uma parada brusca por alguns segundos. Ficou claro que<br />

aquela etapa estava terminada. Então os atabaques iniciaram sozinhos, novamente, mas em<br />

ritmo completamente diferente. Eram ritmados, intensos, cada vez mais intensos,<br />

vigorosos. A música reiniciou, acelerando aos poucos, tornando-se agitada, perdendo<br />

aquela suavidade melodiosa de até então. O povo todo retomou os cânticos e os mantras.<br />

E comecei a reparar que subitamente o ar parecia mais denso, mais pesado, quase<br />

que difícil de respirar. Seria real ou impressão minha? Comecei a sentir uma sensação<br />

esquisita por todo o corpo, como “choquinhos” na musculatura, como se houvesse algo<br />

elétrico percorrendo o meu corpo. Mas era diferente do que eu tinha experimentado na<br />

“Escola”...<br />

Reparei que finalmente os Sacerdotes ergueram-se ao mesmo tempo, dispuseram-se<br />

lado a lado sobre toda a extensão do triângulo, de braços abertos e com as pontas dos<br />

dedos tocando-se levemente. Falavam palavras estranhas como “rezas”, sem parar,<br />

balançando o corpo como se estivessem em transe.<br />

Então um daqueles jovens trouxe uma gata negra e adulta que já havia sido<br />

preparada para aquele momento. Instintivamente eu sabia qual seria o fim dela. Na minha<br />

cabeça eu remoía lembranças e palavras... sobre os animais que o “Deus de Amor” pedia<br />

às dezenas, centenas, milhares. Animais até mais dóceis... carneirinhos, pombas... ou<br />

animais maiores, com maior resistência...que demorariam mais a morrer.<br />

Pensei que a colocariam sobre a mesa, mas para minha surpresa a mesa não se<br />

destinava a ela. A gata foi oferecida ali mesmo, sobre o caldeirão, e em poucos minutos

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