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FILHO DO FOGO volume 1 - suelymmarvulle

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Marlon desviou os olhos para a janela novamente e concluiu:<br />

Em contrapartida, como você mesmo já lembrou: para o cristão a cruz tem outro<br />

significado. Já não representa morte, mas vida, não é assim? Representa a vida conquistada<br />

por Cristo através da sua morte. A partir deste evento o símbolo da morte transforma-se<br />

em símbolo da Vida. Mas...adiantemos-nos mais alguns séculos na história. Aonde<br />

chegamos? Você deve saber tão bem quanto eu o que aconteceu na época das Cruzadas e<br />

da Inquisição. Os cristãos, em nome da vida, levaram milhares à morte. E a cruz, que para<br />

eles era símbolo de vida foi virada de ponta cabeça. Assim invertida, a cruz é símbolo da<br />

espada. E a espada, por sua vez, novamente é sinônimo de força, poder... e morte. Veja<br />

que paradigma!<br />

— Hum. Não havia pensado dessa maneira. Mas faz sentido.<br />

— Houve uma inversão de valores no Cristianismo que levou também a uma<br />

inversão simbólica da cruz. E novamente temos aí os conceitos de vida e de morte<br />

fundindo-se, mesclando-se.<br />

Fiquei quieto, pensativo. Mas Marlon não dispensou a pergunta:<br />

E então? Que diria você? A cruz simboliza Vida ou Morte?<br />

— Bom... — Respondi devagar, pesando as palavras. — Diante do que você<br />

colocou, só dá prá dizer que...”depende”!<br />

Ele riu mostrando uma fileira de dentes bem alinhados.<br />

— É uma boa resposta! Bem em cima do muro e, portanto, politicamente correta.<br />

Mas esqueça o meio-termo. Responda com sinceridade!<br />

— Não estou em cima do muro. Você há de convir comigo que “depende” mesmo!<br />

Era o que ele parecia querer ouvir.<br />

— Você compreendeu bem. O símbolo não é realidade em si mesmo, e por si<br />

mesmo. Não é absoluto. Depende do ponto de vista, do referencial, do tempo, da história.<br />

Como no caso da cruz. Os símbolos só são realidade dentro da imaginação humana e o<br />

mesmo símbolo pode ter diferentes significados e, em casos extremos, até mesmo<br />

significados opostos!<br />

Era divertido filosofar com aquele homem tão inteligente. A resposta e a<br />

argumentação me pareceram convincentes de forma que balancei a cabeça em<br />

assentimento. Mesmo assim ainda questionei:<br />

— Mas será possível, Marlon? Não haverá nem um símbolo que signifique<br />

exatamente aquilo que representa?<br />

— Pense por você mesmo, Eduardo! Há uma infinidade deles para serem escolhidos<br />

e analisados. Quer ver um bem palpável? A nossa própria Bandeira do Brasil! Verde:

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