20.04.2013 Views

ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto

ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto

ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

LUANDA LITERÁRIA AVÁRIAS CORES<br />

OTEMA DO RACISMO EM LUANDINOVIEIRA E<br />

UANHENGA XITU'<br />

O racismo é um conceito que apresenta diversas definições e, quan<strong>do</strong> concretiza<strong>do</strong><br />

na prática social, encerra inúmeras formas de se manifestar. Em termos globais, esta<br />

ideologia assente nas diferenças (chama<strong>da</strong>s) rácicas propõe que há socie<strong>da</strong>des<br />

inferiores a outras, que são, assim, desvaloriza<strong>da</strong>s, discrimina<strong>da</strong>s, estereotipa<strong>da</strong>s e<br />

não raro coisificndns. Apelo a este conceito de coisificnçrio, pois parece-me bastante<br />

enquadra<strong>do</strong> no tema <strong>do</strong> racismo, uma vez que serve para legitimar o trabaiho força<strong>do</strong><br />

e escravo. O ser humano outro, porque diferente na cor <strong>da</strong> pele - factor central de<br />

rejeição quan<strong>do</strong> se abor<strong>da</strong> o racismo -, é remeti<strong>do</strong> para uma categoria inferior, é<br />

torna<strong>do</strong> objecto que pode servir, assim, para ser usa<strong>do</strong> para proveito de outrem.<br />

A tónica coloca-se, desta forma, na cor <strong>da</strong> pele e a estratificação social dá-se a<br />

partir dessa evidência, que, em conjunto com outros atributos físicos e intelectuais,<br />

foi genericamente qualifica<strong>da</strong> como rnçn. Tomo este termo, então, não no seu senti<strong>do</strong><br />

biológico - pois não o tem! -, mas enquanto categoria discursiva, que organiza a<br />

manifestação <strong>da</strong>s diferenças fisicamente perceptíveis - em termos de cor <strong>da</strong> pele ou<br />

outras características somáticas - como "marcas simbólicas" distintivas (Hall, 1997:<br />

68).<br />

O racismo é, pois, um instrumento usa<strong>do</strong> para organizar o mun<strong>do</strong> e adquire<br />

particulari<strong>da</strong>des de acor<strong>do</strong> com o contexto no qual é produzi<strong>do</strong>, evoca<strong>do</strong> ou inshu-<br />

mentaliza<strong>do</strong>, como é o caso de universos coloniais, independentemente <strong>da</strong> época ou<br />

<strong>do</strong> espaço em que se perpetuem. Em termos de presenças coloniais europeias em<br />

África, uma característica aponta<strong>da</strong> ao colonialismo enquanto sistema é precisamente<br />

o racismo, que ihe é consubstancial e que visa fun<strong>da</strong>r a imobili<strong>da</strong>de social, a separação<br />

entre pessoas de cores de pele diferentes, com a consequente constituição de elites, e<br />

a justificação de uma empresa edifica<strong>do</strong>ra de povos mais ntrasn<strong>do</strong>s (cf. Memmi, 1973:<br />

103; Balandier, 1971: 7). Não preten<strong>do</strong> recuperar teorização já efectua<strong>da</strong> sobre o sistema<br />

colonial português em África, mormente sobre as relações raciais nele decorrentes,<br />

mas é de referir, em termos concretos e relativos à presença colonial portuguesa em<br />

' Agrade~o<br />

ao Professor Doutor José Carloç Venâncio a leitura crítica deste texto.<br />

'Doutoran<strong>da</strong> <strong>da</strong> Univemi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Beira Interior.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!