ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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<strong>hoje</strong>, "o capitalismo sobreviveu como forma <strong>do</strong>minante de organização económica<br />
grnçns i democrncin e nlio npesnr deln42.<br />
Partilhan<strong>do</strong> este finalismo filosófico, os democratas de to<strong>da</strong>s as tendências<br />
também julgaram que o fim <strong>do</strong> comunismo era o fim <strong>da</strong> injustiça e <strong>do</strong> imobilismo<br />
económico, e que esse capitalismo liberal que agora parecia surgir como vence<strong>do</strong>r<br />
inquestionável na luta contra o comunismo abria o caminho a um desenvolvimento<br />
ininterrupto de progresso e de bem-estar. Quase duas déca<strong>da</strong>s depois, apesar de<br />
benefícios materiais em vários planos, em especial no caso de determina<strong>da</strong>s regiões<br />
<strong>da</strong> Ásia, verifica-se agora que os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s pela globalização estão longe de<br />
corresponder aos resulta<strong>do</strong>s então espera<strong>do</strong>s que pretendiam beneficiar to<strong>da</strong> a<br />
humani<strong>da</strong>de, mesmo poden<strong>do</strong>-se sempre argumentar que é demasia<strong>do</strong> ce<strong>do</strong> para<br />
tirar conclusões definitivas. Entretanto, por to<strong>da</strong> a parte surgiram grupos numerosos<br />
que vieram contestar a globalização como o movimento "anti-mundialista" ou "alter-<br />
mundialista".<br />
O fim <strong>do</strong> comunismo como regime nos países <strong>da</strong> Europa central e oriental, o<br />
fracasso de experiências como a <strong>da</strong> Coreia <strong>do</strong> Norte e de Cuba, a viragem <strong>da</strong> China<br />
(que apesar <strong>da</strong> sua ambigui<strong>da</strong>de não deixa de ser uma confissão de derrota <strong>do</strong><br />
comunismo maoista), a substituição de um mun<strong>do</strong> bipolar cuja rivali<strong>da</strong>de não deixava<br />
de beneficiar até certo ponto os países em desenvolvimento por um mun<strong>do</strong> unipolar<br />
<strong>do</strong>mina<strong>do</strong> pelos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s43, o aban<strong>do</strong>no de objectivos sociais a cargo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
em favor <strong>da</strong> convicção utópica de que o merca<strong>do</strong> melhor e mais rapi<strong>da</strong>mente<br />
desempenharia esse papel, a subaltemizaqão <strong>da</strong> "ética" em favor <strong>da</strong> "eficácia", <strong>da</strong><br />
produtivi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> rentabili<strong>da</strong>de a to<strong>do</strong> o custo, o falso pragrnatismo <strong>da</strong> supremacia<br />
<strong>do</strong> económico sobre o "político", to<strong>do</strong>s esses factores semearam no planeta o que<br />
alguns chamam o "caos ideológico", feito de incerteza e de receio de uma "mu<strong>da</strong>n~a"<br />
cujos fins parecem escapar ao controlo <strong>da</strong>s instituições democráticas. Na própria União<br />
Europeia as orientações <strong>da</strong>s elites políticas dirigentes são vistas como estan<strong>do</strong> ca<strong>da</strong><br />
vez mais afasta<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s objectivos sociais iniciais e <strong>da</strong> filosofia perfilha<strong>da</strong> por fun<strong>da</strong>-<br />
<strong>do</strong>res como Jean Monet. Muitos analistas consideram que essas elites estão crescen-<br />
temente obceca<strong>da</strong>s por um neoliberalismo a-social e tecnocrático com os olhos postos<br />
no modelo norte-americano, cometen<strong>do</strong> porventura o erro de comparar o que não é<br />
comparável.<br />
As perturbações económicas agravaram as dificul<strong>da</strong>des na maioria <strong>do</strong>s países<br />
<strong>do</strong> Sul, especialmente em África, no Médio Oriente e em boa parte <strong>da</strong> Ásia e <strong>da</strong><br />
América Latina, impon<strong>do</strong> a muitos deles o "far<strong>do</strong> <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> externa", ao mesmo<br />
tempo que a acção de governos corruptos e sem respeito pelos direitos humanos<br />
exercia uma opressão insensata sobre as suas populações, aumentan<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> mais as<br />
desigual<strong>da</strong>des sociais e provocan<strong>do</strong> uma frustração gera<strong>do</strong>ra de ressentimentos<br />
"J.P. Fitoussi 2005, O?, cit.: 47 (sublinha<strong>do</strong> pelo autor).<br />
*'Não sen<strong>do</strong> impossível que se volte de novo a um mun<strong>do</strong> bipolar desta vez EUA-China ou &ipolar<br />
EUA-China-UE ...