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ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Eu como bêba<strong>do</strong> npelo pnra nrrtoridndes competentes para ver esse caso de nós os bêba<strong>do</strong>s<br />

(NAWAJUS)'para ser mos protegi<strong>do</strong>s, porqtre o Senhor Pinto Soares precisa <strong>do</strong> dinheiro e o<br />

liêbn<strong>do</strong> precisa <strong>do</strong> vinho, Pinto Soares é irnm pessoa educa<strong>da</strong> e o bêba<strong>do</strong> nio é.<br />

Eir sei mirito bem qtre nós nlcoólicos qtran<strong>do</strong> estnmos grossos fnlnmos mal e sem respeito,<br />

mas mesmo assivi podia haver protecçio nos bnres de Naniprrla porqtre eu vi mlritos brancos<br />

nos bares próprios <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de bebem eficam grossos e até outros rectrsnm de pagarem, mas ~iio<br />

sio mal trata<strong>do</strong>s.<br />

E porque nós no bar <strong>do</strong> senhor Pinto Soares somos nial trata<strong>do</strong>s, se etr nio votr beber no<br />

hotel Portugnl éporqtre tenho receio 16 também vai o mert pntrio tomar cnféngorn ezr mio posso<br />

sentar junto com o meir pntrio, porqtre ntnnnhi se etr pedir aumento patrzo uni dizer qne o<br />

dinheiro nio te chega mas tens pnrn gastar rio vinho é por essa raznõ que eu gosto beber no<br />

senhor Pinto Soares e no senhor Martins, porqtre 16 tenho os nieus nmigos <strong>da</strong> minha classe etr<br />

podia ir tio hotel Portugal onde podia ser respeita<strong>do</strong> mas as rnzões qtre me impedem si0 esse<br />

que eu escrevi etn cima desta carta, porque sei que em terrns portngiresns nRo há distinçio só<br />

o senhor Pinto Soares é qtre quer semear ódio entre o portirgtrês e eiegro agradeço mirito e peço<br />

2s nzrtorihdes pnra defender os bêba<strong>do</strong>s negros de Nnnipuln qtre estio desprotegi<strong>do</strong>s, além de<br />

gnstarem o seu miserável snlário por cima leva milito de Mzrctmhas. Pinto Soares, estamos no<br />

séctrlo vinte o senhor Pinto Soares tenha paciência porque diz uma história <strong>do</strong>s nossos<br />

antepassa<strong>do</strong>s que quer chuva tem que agiientar lama, senhor Soares quer dinheiro elztio qiie<br />

attrre os bêba<strong>do</strong>s se estou a mentir qtre irm <strong>do</strong>s leitores de Namptrln desminta o que etr escrevi.<br />

Sou eu um <strong>do</strong>s bêba<strong>do</strong>s, LK., padeiro liesta ci<strong>da</strong>de de Naniptrla.<br />

O efeito hilariante desta arquiteckra de humor ameaça distrair-nos <strong>do</strong> significa<strong>do</strong><br />

mais profun<strong>do</strong> <strong>do</strong> texto onde ironicamente se vai afirman<strong>do</strong> aquilo que se quer negar<br />

como é o caso <strong>da</strong> inexistência de racismo. A mestria em criar um clima de à - vontade<br />

para denunciar as projecções <strong>do</strong> racismo no quotidiano <strong>do</strong> então oficialmente indígena<br />

são insuperáveis. Aíestá o outro: o patrão, o taberneiro, o comparsa <strong>da</strong> bebi<strong>da</strong> quesó<br />

o não é porque até aos bêba<strong>do</strong>s os separa a cor <strong>da</strong> pele, a diferença de classe.<br />

Onde esta escrita abun<strong>da</strong> é na denúncia <strong>da</strong> exploração própria <strong>do</strong> sistema então<br />

em vigor. Somos postos diante de to<strong>do</strong> um panorama de atropelo aos mais elementares<br />

princípios de justiça social. As denúncias de uma tal situacão c<strong>ontem</strong>plam as misérias<br />

mais comezinhas e to<strong>do</strong> um sistema. Quan<strong>do</strong> falamos <strong>da</strong> visão <strong>do</strong> outro, temo que<br />

nos restriijamos a essa dicotomia folclórica <strong>do</strong> preto vs. branco, <strong>do</strong> indígenavs. exótico.<br />

Os escreventes de que aqui curo vão mais longe: enfrentam sem ambigui<strong>da</strong>des o<br />

sistema. Haviam si<strong>do</strong> subtraí<strong>do</strong>s a uma economia comunitária que se lhes não pro-<br />

porcionara nem a abundância nem sequer a resolução <strong>do</strong>s problemas <strong>da</strong> subsistência,<br />

apesar de tu<strong>do</strong> não os vexava com to<strong>da</strong> a espécie de submissões. Ilusoriamente intro-<br />

'Na&&- termo forma<strong>do</strong> a parai de caju, fruto <strong>do</strong> cajueiro, de cujo sumo fermenta<strong>do</strong> se produz<br />

uma bebi<strong>da</strong> muito aprecia<strong>da</strong>.<br />

'Mtic~~nhn -homem branco.

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