ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto
ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto
ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
sensoriais e mentais que regem o olhar, visto ele se inserir rotun<strong>da</strong>mente na esfera<br />
sociocultural que entrega a ca<strong>da</strong> um os materiais que lhe facultam a construção <strong>da</strong><br />
imagem e <strong>da</strong> qualificação condizente. Nessa sequênciase põe o para<strong>do</strong>xo de a mesma<br />
pessoa se arriscar a ser «negra» nos E.U.A., «branca» no Brasil, e «de cor , - quer<br />
dizer mestiça -na República <strong>da</strong> África <strong>do</strong> Sul. Estas rupturas estão na continui<strong>da</strong>de<br />
de um acto classificatório que recorre antes a critérios de um fun<strong>do</strong> relaciona1 e<br />
simbólico, lega<strong>do</strong> pela história e pela cultura aos membros de to<strong>da</strong> a comuni<strong>da</strong>de, <strong>do</strong><br />
que a marca<strong>do</strong>res biológicos que, embora não ignora<strong>do</strong>s, se reduzem mais <strong>do</strong> que se<br />
admite a indícios sujeitos a leitura subjectiva.<br />
Quan<strong>do</strong> o funcionário angolense, Manoel Alves de Castro Francina pertencen<strong>do</strong><br />
aos serviços judiciais <strong>da</strong> administração colonial de Angola, chegou em Junho de 1846<br />
i guarnição de Ambaca notou que os "ambaquences", a fim de fugirem ao chama<strong>do</strong><br />
"carreto", ou seja o trabalho obrigatório de carrega<strong>do</strong>res, assumiam o "titulo de<br />
brancos ". E, para arrematar a descricão de um fenómeno que se ihe afigurava deveras<br />
extravagante e recean<strong>do</strong>, porventura, que o leitor o desse por inverosímel, Francina<br />
lembrou <strong>do</strong>cumentos <strong>do</strong> século XVII que declaravam que"os pretos <strong>do</strong> interior em<br />
usan<strong>do</strong> sapatos querem ser considera<strong>do</strong>s como brancos. São conheci<strong>do</strong>s por<br />
camundeles E o atónito luandense prosseguia explican<strong>do</strong> que «achei neste distrito<br />
uma porcão de homens chama<strong>do</strong>s meirinhos, alcaides e porteiros ....q ue» (não eram<br />
mais)