ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto
ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto
ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
RACISMO, NEO-RACISMO E ANACRONISMO<br />
CIENT~FICO<br />
1. A teoria <strong>da</strong>s duas raças (na Europa)<br />
«Crinlrçn nitrdn, qaerin ser brniico pnrn que<br />
os brnncos me ano chn~iinsse~iz scgro.<br />
Hoiire~ii, qircrin scrlregro, pnrn qrir os iiegros<br />
File 115o odinsselit» (Pepeteln, 1993,<br />
Mnyonibe, p. 12).<br />
Alguns <strong>do</strong>s conflitos mais recentes em diferentes populações (Hutus / Tutsi em<br />
África; Sérvios / Bósnios e Croatas na ex-Jugoslavia, etc.) têm leva<strong>do</strong> algtm autores<br />
a tentar uma históriana perspectiva conflitual de populações que se opõem por razões<br />
de origem éhica e basicamente diferenças físicas de matriz racial. É neste senti<strong>do</strong><br />
que M. Kilani (1997) apresenta uma curiosa teoria <strong>da</strong>s «duas raças» desenvolvi<strong>da</strong> ao<br />
longo de gerações na Europa, onde mito e observação científica se casam perfeita-<br />
mente. Talvez a teoria dualista de C. levi-Strauss, segun<strong>do</strong> a qual o nosso cérebro<br />
funciona por oposições binárias, possa <strong>da</strong>r um contributo inestimável para apreciação<br />
de muitas oposições e algumas confrontações.<br />
Em termos de evocação pessoal não posso deixar de testemunhar o espanto <strong>do</strong><br />
director <strong>do</strong> Musée Royal de l'Afrique Centrale (Tervuren, Bruxelas) quan<strong>do</strong>, ao<br />
descrever a minha experiência <strong>do</strong> terreno, expliquei de que forma os trabalha<strong>do</strong>res<br />
Cokwe <strong>da</strong> Diamang (Companhia de Diamantes de Angola) desempenhavam com<br />
brio as suas tarefas, mesmo as mais arrisca<strong>da</strong>s (diria sobretu<strong>do</strong> as mais arrisca<strong>da</strong>s),<br />
como manobrar complica<strong>da</strong>s escava<strong>do</strong>ras na remoção de terras. A surpresa <strong>do</strong> meu<br />
interlocutor era tal que insistiu: «mas eram mesmo Cokwe.? É que <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />
honteira, no Katanga (<strong>hoje</strong> Shaba), observava o director, os Cokwe são considera<strong>do</strong>s<br />
incompetentes. Quem executa essas tarefas são os Luba, vistos como um grupo<br />
superior.<br />
'Departamento de Antropologia, Universi<strong>da</strong>de de Coimbra