ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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5. Conclusão<br />
O processo deintegração económica regional já emÁf?ica é longo. Sucessivamente<br />
reafirma<strong>do</strong> pelos dirigentes africanos como um imperativo para a uni<strong>da</strong>de contimental<br />
e para o desenvolvimento nacional e colectivo de África, o seu desempenho, no<br />
entanto, deixa uma sensação de frustração. Poder e identi<strong>da</strong>de sempre estiveram<br />
presentes e condicionaram o an<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>queles agrupamentos. A evocação <strong>da</strong><br />
identi<strong>da</strong>de histórica e cultural, linguística e étnica teve o seu momento áureo no<br />
perío<strong>do</strong> pré-independência e nos anos que se lhe seguiram. Contu<strong>do</strong>, a identi<strong>da</strong>de<br />
de valores políticos e económicos nunca foi suficientemente atendi<strong>do</strong>, o que aju<strong>da</strong> a<br />
explicar a convivência de governos ditatoriais e autocráticos com outros democráticos<br />
ou em democratização, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que se juntaram países claramente vira<strong>do</strong>s<br />
para a economia de merca<strong>do</strong> com outros de carácter socialista ou de forteintervenção<br />
económica estatal. Embora este seja um factor não muitas vezes devi<strong>da</strong>mente referi<strong>do</strong>,<br />
a ausência de uma clara identi<strong>da</strong>de comum em tomo <strong>do</strong>s mesmos valores políticos e<br />
económicos condicionou fortemente a obtenção de progressos visíveis na integração<br />
regional africana.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, o exercício <strong>do</strong> poder regional por parte de países cuja diferença<br />
de desenvolvimento económico, político e institucional é evidente, tem feito retrair o<br />
empenhamento <strong>do</strong>s restantes países membros. O aparecimento <strong>da</strong> CEDEAO em 1975,<br />
como forma de disputa regional <strong>da</strong> Nigéria face ao Senegal e à Costa <strong>do</strong> Marfim,<br />
estes <strong>do</strong>is integra<strong>do</strong>s na CEAO que anteriormente tinha surgi<strong>do</strong>, ou a recomposição<br />
<strong>do</strong>s poderes de afirmação regional com a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> África <strong>do</strong> Si11 para a SADC, ou<br />
até mesmo a inclusáo <strong>da</strong> R. D. Congo (normalmente considera<strong>do</strong> como um país <strong>da</strong><br />
África Central) neste último agrupamento, ou ain<strong>da</strong> a inclusáo de Angolana CEEAC<br />
(que se refere à África Central), reflecte bem que a identi<strong>da</strong>de geográfica pouco conta<br />
nestes processos, antes são coman<strong>da</strong><strong>do</strong>s pelos equilíbrios políticos regionais. Não é<br />
de estranhar, neste contexto, que a resistência à per<strong>da</strong> de soberania 'nacional para os<br />
agrupamentos regionais seja uma <strong>da</strong>s suas manifestações mais evidentes. Trata-se<br />
<strong>da</strong>quilo que Deng (1996: 49) apeli<strong>da</strong> de 'incompatibili<strong>da</strong>des' relaciona<strong>da</strong>s com<br />
questões tangíveis, tal como a distribuição <strong>do</strong> poder ou <strong>da</strong> riqueza, ou intangíveis,<br />
estas directamente liga<strong>da</strong>s às várias identi<strong>da</strong>des, nacional, cultural ou moral.<br />
Neste quadro, o futuro <strong>da</strong> integração regional em África não augura facili<strong>da</strong>des<br />
maiores <strong>do</strong> que aquelas que até agora enfrentou. E o movimento imparável de globa-<br />
lização repercute-se necessariamente sobre elas, também não facilitan<strong>do</strong> a tarefa. Com<br />
uma nova institutição, a União Africana, um programa de desenvolvimento con-<br />
tinental, a NEPAD, e um renova<strong>do</strong> espírito que se pretende incutir, o Renascimento<br />
Africano3', um novo enquadramento parece existir. Mas será que a identi<strong>da</strong>de de<br />
"Aideia de Renascimento Akicano foi apresenta<strong>do</strong> pela primeka vez por Nelson Mandela em 13 de<br />
Junho de 1994, aquan<strong>do</strong> <strong>da</strong> realização <strong>da</strong> Cheira Anual <strong>da</strong> OUA em T d , Tunisia.