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ontem e hoje - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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sua reposição para ultrapassar o artificialismo e a divisão imposta pelas potências<br />

coloniais não foram suficientes perante a perspectiva <strong>do</strong> exercício de poder nacional.<br />

Neste quadro, Aurre (2002: 68) defende que, num primeiro momento, o reforço <strong>do</strong>s<br />

laços inter-territoriais passou para segun<strong>do</strong> plano <strong>da</strong><strong>da</strong> a importância <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de<br />

de construção nacional e <strong>do</strong> sentimento de identi<strong>da</strong>de nacional, o que se torna mais<br />

complica<strong>do</strong> em Esta<strong>do</strong>s multi-éinicos, como muitos autores o têm sublinha<strong>do</strong>.<br />

Donde, a ideia funcionalista pan-africana de conteú<strong>do</strong> político avança<strong>da</strong> por<br />

N'Kmmah apenas alimentou a quimera enquanto não se passou para o la<strong>do</strong> prático<br />

<strong>da</strong> questão, isto é, após as colónias se tomarem independentes, aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong>-se então<br />

a ideia <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de política continental em favor de blocos regionais (Nweke, 1987).A<br />

proposta de integração <strong>do</strong> Gana e <strong>do</strong> Togo, em 1960, avança<strong>da</strong> por N'ICrumah e<br />

rechaça<strong>da</strong> como sen<strong>do</strong> um 'insulto' pelo primeiro-ministro togolês ou a consideração<br />

pelo presidente <strong>da</strong> República Centro Africana de que a abertura de uma sede <strong>do</strong><br />

parti<strong>do</strong> único zairensena capital <strong>da</strong>quele país era um atenta<strong>do</strong> à integri<strong>da</strong>de territorial<br />

nacional (o que levou à saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> RCAfricana <strong>da</strong> organizaçao regional UEAC em 1968),<br />

revela bem como a 'soberania nacional', isto é, o poder, teve mais força e argumentos<br />

<strong>do</strong> que a evocação identitária histórica. O resulta<strong>do</strong> é que, ao fim de 40 anos, o padrão<br />

<strong>da</strong>s ligações verticais e a ausência virtual de ligações horizontais inter-africanas tanto<br />

a nível regional como continental (Muchie, 2000: 298) é uma efectiva denúncia <strong>da</strong><br />

vitória <strong>da</strong> retórica ou, visto de outro ângulo, <strong>do</strong> pragmatismo sobre a real disponi-<br />

bili<strong>da</strong>de e vontade política em avançar no processo de integração regional e<br />

continental.<br />

A questão identitária, nomea<strong>da</strong>mente pela evocação histórica, cultural, linguística<br />

ou mesmo étnica, serviu antes e depois <strong>da</strong>s independências como argumento para a<br />

necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reposição <strong>da</strong> 'ver<strong>da</strong>de' em diversas dimensões. Propostas como as<br />

efectua<strong>da</strong>s por Mobutu com o projecto LENA, ten<strong>do</strong> criar uma sub-OUAque excluisse<br />

os países árabes ou o seu processo de 'autenticité' zairense e africana; o projecto <strong>do</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s <strong>da</strong> África Bantú proposta por T. Obenga em 1985, ver<strong>da</strong>deiro núcleo<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Federal <strong>da</strong> África Negra de Cheik Anta Diop, apontan<strong>do</strong> a reunificação de<br />

22 Esta<strong>do</strong>s numa organização supranacional <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s de culturabantú (CICIBA),<br />

são exemplos disso mesmo mas que não conduziram a la<strong>do</strong> nenhumz9.<br />

A questão central, mais <strong>do</strong> que a retórica <strong>da</strong>s identi<strong>da</strong>des culturais e históricas,<br />

as quais, diga-se em abono <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de, não deixam de ser um importante elemento<br />

mobiliza<strong>do</strong>r e justificativo para os processos de integração regional, desde ce<strong>do</strong><br />

revelou ser a questão <strong>do</strong> poder, poder político, mas igualmente poder económico.<br />

Bem pode, por exemplo, a SADC invocar que "a shared vision is anchored on the<br />

common values and principies and the historical and cultural affmities that exist<br />

between the peoples of Southem Africa" (SADC, s/d). Porém, o problema reside<br />

mais na comunhão de valores comuns que os países devem partilhar nas organizações<br />

" Ver BADI (1993: 46)

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